Luiz Awazu diz que política atual deve trazer taxa para centro da meta
Flávia Barbosa
WASHINGTON E SÃO PAULO - O diretor de Assuntos Internacionais e de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, Luiz Awazu, disse ontem que a inflação brasileira está elevada, difusa e persistente, mas que a política econômica vai ajudar a guiá-la de volta para a meta.
Awazu, que participa do encontro do G-20 e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, lembrou do choque dos preços dos alimentos em meados de 2012, agravado pelo impacto da taxa de câmbio e pela inflação de serviços.
- Portanto, isto produz uma elevada, difusa e persistente dinâmica inflacionária no Brasil. E, naturalmente, dado tudo isso, a ação que está sendo feita deve ajudar a retornar a inflação para a meta - afirmou.
Awazu, junto com o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, votou pela manutenção da taxa básica de juros em 7,25% ao ano, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A maioria dos diretores, no entanto, votou a favor da elevação da Selic para 7,5% ao ano, diante da pressão inflacionária.
FMI tem projeção menor
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o Brasil passa por forte recuperação do nível de investimentos, o que contribuirá para a aceleração da economia em 2013. Apesar de a previsão oficial da Fazenda ser de expansão de 3,5% este ano, o FMI reduziu o número para 3%. Para Mantega, este é um patamar "que pode ser realista", mas as revisões têm sido constantes devido à volatilidade da economia mundial. Para o ministro, o mais importante não é o percentual do PIB, e sim o fato de a produção industrial crescer estimados 3% a 4% este ano e a taxa de investimentos, de 6% a 7%.
- Isso é o que mais queríamos e está ocorrendo - disse o ministro, após reuniões com os países que compõem os Brics e o G-20. - E tudo isso com quadro fiscal estabilizado.
O aumento da taxa básica de juros, na última quarta-feira, pelo Copom não vai interromper este processo. Para o ministro Guido Mantega, o que interessa aos investidores diretos (no setor produtivo) é a taxa de longo prazo e a taxa do BNDES.
- Quem quer investir no Brasil encontrará uma taxa muito baixa, que vai ser mantida. O aumento de juros mostra que o governo brasileiro está agindo e não permitirá distorções na economia no futuro - afirmou o ministro, num ato falho que pode ser entendido como sinal de que a TJLP (que orienta os empréstimos do BNDES) não será alterada apesar da alta da Selic - disse ele, em Washington, onde participa da reunião do FMI e do G-20.
No mercado de juros futuros, os investidores continuaram se ajustando à nova Selic de 7,5%. Esse ajuste de posição, na quinta-feira, resultou em um movimento recorde de negócios com DI na quinta, chegando a 6.692.686 contratos. O recorde anterior era de 6.093.795 negócios, registrado em 18 de março de 2010.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento no mês de maio de 2013 ficou estável em 7,26%, a mesma taxa da véspera. O contrato de DI com vencimento em julho de 2013, que teve maior giro no dia, também ficou estável a 7,40%. O DI janeiro de 2014 apresentou taxa de 7,84% frente aos 7,83% na véspera; o DI janeiro de 2015 foi a 8,31% de 8,29% na quinta e o DI janeiro de 2017 a 8,93% de 9%.
Fonte: O Globo
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