FHC elogia José Serra, mas sugere que ele precisa dar um tempo à sua pretensão de disputar a Presidência. Aécio afirma que o PSDB estará sempre de portas abertas ao ex-governador
Leonardo Augusto
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem que o ex-governador de São Paulo José Serra, candidato do partido na eleição para o Palácio do Planalto em 2010, precisa "dar tempo ao tempo", ao se referir às articulações da legenda para a próxima disputa para o cargo, em 2014. O ex-presidente, ao lado do pré-candidato do partido no ano que vem, senador Aécio Neves (MG), participou ontem de congresso sobre combustíveis em Belo Horizonte.
Ao mesmo tempo, tanto Fernando Henrique quanto Aécio tentaram amenizar rumores de que Serra irá deixar o PSDB por insatisfação com a possível candidatura do senador. Ontem, o ex-presidente chamou o parlamentar mineiro de "meu candidato". "Serra tem idealismo político suficiente para sentir o momento. É muito preparado. Talvez não tenha ninguém mais preparado que ele, mas a questão eleitoral é um pouco diferente disso. Ele tem que dar um tempo ao tempo", avaliou.
Segundo Aécio, o ex-governador de São Paulo é "uma figura extremamente importante para as oposições no Brasil". "É uma referência de seriedade, de respeitabilidade", disse. O ex-presidente e o senador negaram ter ouvido de Serra o desejo de abandonar o partido. Porém, Aécio, em meio a declarações durante entrevista depois da participação no congresso, se referiu ao ex-governador como alguém que já tivesse deixado a legenda. "O PSDB vai estar sempre de portas abertas (para Serra). Até porque não sou eu quem abre essas portas. Ele próprio construiu o PSDB. Então a nossa vontade é que esteja ao nosso lado".
O senador negou estar em curso entre os tucanos conterrâneos de Serra uma divisão que possa prejudicar a sua possível candidatura. "O que tenho visto é o PSDB de São Paulo muito unido. Tive a oportunidade e presenciei isso. Há um entusiasmo muito grande com a possibilidade novamente de disputarmos a Presidência da República. Estou muito feliz com todas as manifestações do partido no estado. Não posso querer mais do que tenho recebido", pontuou.
Novos partidos Aécio voltou a reclamar da possibilidade de legendas que estão prestes a serem criadas não terem acesso ao Fundo Partidário e a horário eleitoral gratuito no rádio e televisão, conforme estabelecido em projeto de lei aprovado em primeiro turno na quarta-feira pela Câmara Federal. Serão afetados, se a proposta virar lei, o Rede, da ex-senadora Marina Silva, e o Solidariedade, do deputado Paulinho da Força (PDT-SP). Para Aécio, o governo federal fez pressão para que sua base na Casa aprovasse o projeto. "É uma demonstração, acho eu, de receio com o processo eleitoral. Poucas vezes se viu o governo agir de forma tão casuística para interferir de forma tão dura no processo legislativo", disse.
Como possível pré-candidato, Aécio quer o maior número de concorrentes possíveis na disputa de 2014, o que poderia contribuir para a realização de um segundo turno, tendo do outro lado a presidente Dilma Rousseff (PT). No discurso oficial, no entanto, o senador alega que mais concorrentes significam nível maior de pluralidade na eleição. "Todas as candidaturas que têm o que dizer são importantes, independentemente do desfecho eleitoral", afirma o parlamentar.
Fonte: Estado de Minas
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