Sem Dilma e em meio a um racha, diretório nacional do partido se reúne para reafirmar apoio a plebiscito
BRASÍLIA - Com a bancada na Câmara rachada em torno da condução da reforma política, e sem a prometida presença da presidente Dilma Rousseff, o diretório nacional do PT se reúne hoje em Brasília para a tradicional análise de conjuntura e para reafirmar apoio à realização de um plebiscito para mudanças no sistema político-eleitoral. O racha entre os deputados do PT se agravou ontem, com o líder José Guimarães (CE) e o coordenador do novo grupo de trabalho da reforma política, Cândido Vaccarezza (SP), protagonizando um bate-boca público, por meio de notas.
Guimarães disse que Vaccarezza não representa a bancada do PT na comissão da reforma, reforçando, assim, posição manifestada na véspera em nota assinada por 27 deputados e que ontem ganhou a adesão de mais 12, elevando para 39 os petistas que não aceitam a escolha de Vaccarezza, patrocinada pelo ex-presidente Lula e formalizada pelo presidente da Câmara, Henrique Alves. O preferido da bancada para a função de coordenador era o deputado Henrique Fontana (PT-RS). Para tentar resolver o caso, Henrique Alves deu duas vagas ao PT. Mas, indignado, Fontana não quis participar e foi substituído pelo deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que virou o representante oficial do PT.
Dirceu quer Dilma na reunião
Além dessa disputa interna, o comando do PT ainda tentava, ontem à noite, convencer a presidente Dilma a participar da reunião do diretório nacional. Ela chegou a confirmar presença, mas desistiu ontem, alegando que fará uma reunião com ministros, pela manhã, para discutir os atos de violência no Rio e a segurança do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude. Numa reunião prévia, ontem, do Campo Majoritário do PT, o ex-ministro José Dirceu defendeu que o partido insista na ida de Dilma ao encontro de hoje. O presidente do PT, Rui Falcão, tentaria convencê-la a participar da reunião na parte da tarde.
Sobre a crise na bancada, o líder Guimarães resolveu endossar a nota encabeçada por Paulo Teixeira (SP) em solidariedade a Fontana e contra Vaccarezza, soltando outra nota para dizer que "as opiniões de Vaccarezza sobre reforma política não expressam o pensamento nem da bancada na Câmara nem do Partido dos Trabalhadores". Guimarães continua: "As posições do PT e da bancada no Grupo de Trabalho criado pelo presidente da Câmara serão defendidas pelo deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), indicado pelos parlamentares petistas para compor o colegiado." E voltou a defender a realização do plebiscito proposto por Dilma.
Pouco antes, Vaccarezza havia divulgado uma nota reagindo ao manifesto de 39 dos 89 deputados petistas reclamando de sua indicação. No texto, Vaccarezza disse que não se pode transformar o debate sobre reforma política em "arena" e prometeu trabalhar para viabilizar a realização do plebiscito: "Reafirmo publicamente meu compromisso pessoal com a aprovação do plebiscito na Câmara."
Na linha da nota divulgada pela liderança do PT, o diretório nacional também deve desautorizar Vaccarezza hoje. Assim como os partidos da base, ele vinha afirmando não haver tempo hábil para fazer um plebiscito sobre reforma política com efeito para as eleições do ano que vem.
Fonte: O Globo
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