Aliados apelam até para popularidade da ex-senadora nas pesquisas
Paulo Celso Pereira
BRASÍLIA - Foi em clima de intensa pressão que a ex-senadora Marina Silva entrou ontem de manhã no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o pedido de criação de seu novo partido, o Rede Sustentabilidade. Faltando apenas 40 dias para o fim do prazo de filiação dos candidatos que pretendam disputar as eleições de 2014, a Rede solicitou que o tribunal adote medidas excepcionais para que o partido seja criado a tempo. Os aliados apelaram, inclusive, para o fato de Marina figurar como segunda colocada nas pesquisas para a disputa presidencial do próximo ano.
Marina chegou ao tribunal acompanhada de advogados, aliados próximos e dos deputados federais Walter Feldman (PSDB-SP) e Domingos Dutra (PT-MA), que devem migrar para o novo partido. Para ampliar a pressão, ela convidou o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que não tem intenção de mudar de legenda, mas acompanhou o grupo para simbolizar seu apoio. O grande problema da Rede é a demora na validação das assinaturas de apoio.
- Mais de 12 mil pessoas coletaram assinaturas de manhã, de tarde e de noite. A maioria dos partidos se forma por processo de fusão. Nós fomos pelo caminho mais difícil, mas que é o mais gratificante, de conversar com cada pessoa, falar do nosso programa, do nosso estatuto, do nosso manifesto. E, a partir daí, ver o cidadão brasileiro assinando por livre e espontânea vontade - defendeu Marina, que agradeceu a presença de Simon.
O grupo entregou cinco sacolas com a certificação de 304.099 assinaturas, quase 190.000 a menos que o necessário. A questão das assinaturas é a grande preocupação dos organizadores da legenda. O documento que pede o registro da Rede tem 42 páginas quase integralmente dedicadas a protestos contra a demora dos cartórios eleitorais em validar as fichas de apoio à criação do partido.
- Compreendemos o problema da falta de estrutura, mas não concordamos que tenhamos que pagar o preço. A Rede tem a participação da sociedade em quase todos os municípios. Portanto, estamos calçados do ponto de vista legal, do ponto de vista material e do ponto de vista da mobilização social de todos aqueles que dão lastro político para a criação de um novo partido político no Brasil - afirmou Marina.
Dutra: Rede não é sigla de aluguel
Domingos Dutra, que já anunciou a saída do PT para se filiar à Rede, apelou para a posição de Marina nas pesquisas:
- Estamos segurando nas mãos de Deus e da Justiça Eleitoral. Se você olhar os prazos pelo seu teto, a gente estaria fora, porque faltam 40 dias. Agora, a gente conta com a sensibilidade da Justiça. Os julgadores têm dito que não se influenciam com a voz das ruas. Mas (...) os julgadores não estão fora do mundo. Portanto, essa preferência pela Marina pode levá-los a ter mais sensibilidade. A Rede não é um partido de aluguel. Vamos rezar para que o relator e os julgadores sejam filhos de Deus.
- Se há uma coisa que o Brasil tem demais, é partido político. Mas casualmente este (a Rede) é o que nós temos de mais importante, um movimento que está sendo altamente positivo e que tem todas as condições para ter uma grande bancada - disse Simon.
A lei prevê que para criar um partido político é necessário o apoio de 0,5% dos eleitores que votaram nas últimas eleições para deputado federal, ou cerca de 492 mil assinaturas certificadas em cartórios ao TSE.
Fonte: O Globo
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