Por Marcos de Moura e Souza e Cristiane Agostine
BELO HORIZONTE e SÃO PAULO - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) provocou ontem em Belo Horizonte a presidente Dilma Rousseff, que faz hoje nova visita a Minas, acusando-a de ter cometido uma gafe "incompreensível" com seu avô, o ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985). Na semana passada, Dilma esteve em São João Del Rei (MG). O palco em que discursou foi montado de costas para a estátua, que estava a cerca de cem metros do local do ato, na avenida que leva o nome de Tancredo. Aécio disse que não podia deixar de "externar incompreensão" ao ver Dilma "discursar de costas para a estátua de Tancredo". Contou que para os mineiros os simbolismos são muito importantes. "Discursar de costas para Tancredo é de costas para a democracia", disse, sendo ovacionado.
Aécio disse que não depende da presidência do partido a decisão sobre as prévias. "Basta que haja uma solicitação à Executiva, que vai definir como isso pode acontecer", disse. Aécio considerou legítima a demanda de Serra de que ambos participem de prévias em igualdade de condições. Mas não informou data para a definição das prévias.
Ao falar em igualdade de condições, Serra pareceu insinuar que Aécio deveria deixar a presidência do PSDB para a disputa interna. Questionado se considera essa possibilidade, Aécio disse apenas: "Não escutei essa proposta ainda".
As declarações foram feitas assim que o senador chegou a um hotel de Belo Horizonte para a posse de Pimenta da Veiga, ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, na seção mineira do Instituto Teotônio Vilela. Em um discurso inflamado de candidato, Aécio disse que é preciso encerrar o ciclo do governo do PT e que "do alto das montanhas de Minas" dirá aos eleitores que é hora de mudança.
Dirigente do PT, o secretário de Comunicação do partido, Paulo Frateschi, ironizou ontem o debate sobre a realização de prévias dentro do PSDB para a escolha do candidato à Presidência da República. Segundo Frateschi, os tucanos "nunca" farão um processo de consulta aos filiados, por meio do voto direto, para definir quem vai concorrer em 2014.
"Eles nunca vão fazer uma prévia". [Com] duas garrafas de Borgonha num saguão de hotel, com quatro ou cinco pessoas, eles resolvem. Não mais do que isso", disse Frateschi. "Não vai ter prévia. Não é a tendência deles", afirmou o petista, sem citar diretamente a forma como o PSDB decidiu o candidato à Presidência em 2006, quando o ex-governador José Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pretendiam concorrer. Naquele ano, a decisão foi tomada em encontro no restaurante Massimo, na capital paulista, entre Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o então governador de Minas, Aécio Neves, e o então presidente do PSDB, Tasso Jereissati.
Ontem Frateschi disse que a concepção do PSDB sobre prévias é diferente da do PT. "A gente tem as regras definidas por um congresso e depois no diretório. A gente não faz as regras de acordo com a tendência do eleitorado", disse.
Fonte: Valor Econômico
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