Ao lançar programa de agroecologia, presidente adapta slogan de governo e fala em "proteger" e "conservar"
Governo anunciou que irá desapropriar cem imóveis rurais para a reforma agrária até o final deste ano
Tai Nalon
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff adaptou ontem um de seus slogans de governo à temática ambiental, se aproximando do discurso da ex-senadora Marina Silva.
Ao anunciar o Plano Nacional de Agroecologia e Agricultura Orgânica, a presidente prometeu "crescer, distribuir renda e incluir" --como costuma repetir ao falar de desenvolvimento--, e emendou falando em "proteger" e "conservar".
"Nosso país tem dado passos significativos na construção de um padrão de desenvolvimento sustentável. É possível que este país que cresce distribua renda e inclua, e seja um país que conserve e proteja o meio ambiente", disse.
A defesa do meio ambiente é a principal marca do discurso de Marina, que seria a adversária mais forte de Dilma em 2014, segundo pesquisas de intenção de voto.
A ex-senadora, porém, depende de um arranjo com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, para se lançar candidata. Ela não conseguiu viabilizar o seu partido, a Rede, e se abrigou na sigla do pernambucano, que também deseja concorrer ao Planalto.
Como a Folha mostrou na edição da última terça, o projeto lançado ontem por Dilma foi criado por meio de decreto em 2012 e já estava pronto desde junho passado.
Ao destinar R$ 8,8 bilhões para crédito agrícola, assistência técnica e compra de alimentos para programas federais, Dilma explicou a demora para o lançamento.
"É óbvio que leva o tempo necessário para que todos participem, para que esse plano não saia da cabeça de três ou quatro pessoas, que resolvem que é desse jeito e que ninguém dá palpite."
O plano quer estimular a conservação da natureza, com práticas que resultem na "soberania alimentar" e em ações "sustentáveis".
As diretrizes do programa também estão alinhadas com o que prega a Rede em um manifesto em seu site, no qual diz defender a "democratização do acesso à terra" a importância da "segurança alimentar" e a "preservação dos nossos biomas".
Desapropriações
O governo irá publicar até o fim deste ano cem decretos para desapropriação de terras destinadas à reforma agrária. O anúncio também foi feito ontem por Dilma.
Segundo o Incra, serão ao todo 200 mil hectares, que irão beneficiar mais de 5.000 famílias de 20 Estados e do Distrito Federal.
Trata-se do primeiro anúncio efetivo de ampliação da reforma agrária desde que o governo alterou o modelo, no início do ano.
Antes, para desapropriar uma fazenda, a Presidência precisava apenas de um laudo que provava que o local era improdutivo. Agora, é preciso também um estudo que mostre a capacidade de geração de renda do imóvel.
Fonte: Folha de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário