sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Troca de farpas: Começam as intrigas na oposição

Tucanos rejeitam oferecer palanque duplo a Eduardo Campos nos estados, e socialistas reagem, tachando decisão de Aécio Neves de discurso de perdedor. Tem mais um com medo da gente", diz líder do PSB

Maria Lima e Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA - O período de troca de afagos entre PSDB e PSB parece estar chegando ao fim. Após a aliança do governador Eduardo Campos (PSB-PE) com a ex-sénadora Marina Silva (Rede), os tucanos estão sendo orientados a estabelecer novo padrão nas negociações de parcerias regionais com os socialistas. Além de reforçar o fato de que governa oito estados importantes, que totalizam cerca de 50% da população, o PSDB estabeleceu também que os palanques duplos entre as duas legendas não terão valor para a campanha presidencial. Essa posição, externada pelo pré-candidato tucano Aécio Neves e reforçada ontem por dirigentes do PSDB, provocou forte reação dos aliados de Campos.

— Isso é discurso de perdedor. Ninguém ganha sozinho. Essa fala do Aécio soa como arrogância, mostra que tem mais um com medo da gente — rebateu logo cedo o líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS).

Pela decisão do PSDB, ainda que localmente haja alianças com o PSB, os candidatos tucanos a governador farão campanha exclusivamente para Aécio, não podendo dividir palanque com Campos. Caberá aos candidatos do PSB a vice ou ao Senado nas chapas tucanas receber Campos em suas campanhas. Os pontos nevrálgicos são os palanques de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, onde os governadores são do PSDB, e há possibilidade de o PSB compor a chapa.

A orientação do presidente do PSDB e pré-candidato Aécio Neves foi dada em almoço com a bancada do partido anteontem e confirmada ontem por outros tucanos. Vice-presidente do PSDB nacional, o senador Cássio Cunha Lima (PB) reafirmou que o palanque duplo significará que o candidato tucano no estado defenderá exclusivamente Aécio, e o do PSB, Eduardo.

— Essa é uma posição da direção parti-d ária da qual não abrimos mão. Podemos compreender a presença de coligações nos estados, mas desde que o compromisso dos candidatos do PSDB seja com exclusividade ao nosso candidato Aécio Neves. Nós faremos no palanque o que a legislação impõe para a televisão — disse Cássio.

Refutando a queixa do líder do PSB, o presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado Marcus Pestana, diz que a orientação do partido é no sentido de cumprir a lei:

— É o obvio, a lei diz que é assim.

Ou algum idiota está pensando que nos comícios o Aécio fala e em seguida, no mesmo palanque, o Eduardo aparece para discursar?

Fonte: O Globo

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