PMDB reafirmou a candidatura do presidente da Fiesp ao governo paulista
O vice-presidente, Michel Temer, agiu para impedir a reedição da parceria de sua sigla com o PSDB no Estado
Diógenes Campanha, Marina Dias
SÃO PAULO - O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), reafirmou ontem a intenção do partido de lançar a candidatura do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, ao governo paulista.
Aliado do PMDB no plano federal, o PT já trabalha com a possibilidade de ter o empresário como rival na eleição do ano que vem.
A investida peemedebista, porém, é vista por petistas como uma chance de levar a disputa contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para a segundo turno.
O PMDB tem 88 prefeituras no Estado e 2min18s de tempo de TV no horário eleitoral --mais do que o 1min39s de que dispõe o PSDB. Na última pesquisa Datafolha para o governo de São Paulo, em julho, Skaf atingiu 19% das intenções de voto e aparecia em segundo lugar em três dos quatro cenários investigados.
Além de acreditarem que Skaf possa tirar votos de Alckmin, os petistas consideram uma vitória o fato de o PMDB paulista não ter se aliado aos tucanos, como ocorreu em 2010 --quando o partido ainda era comandado pelo ex-governador Orestes Quércia.
Há alguns meses, o PSDB trabalhou nos bastidores junto aos peemedebistas Marcelo Barbieri, prefeito de Araraquara, e Baleia Rossi, presidente da legenda em São Paulo, oferecendo o cargo de vice na chapa de Alckmin.
Diante dessa movimentação, Temer agiu para impedir a parceria. Uma aliança com o PSDB em seu próprio Estado seria uma derrota para o vice-presidente.
Ontem, no congresso regional do PMDB, em Tatuí (140 km de São Paulo), o partido referendou Skaf como pré-candidato.
"É muito importante para o nosso partido tentar chegar ao governo do Estado. Assim como também é muito importante tentarmos eleger uma grande bancada de deputados federais e estaduais", disse Temer.
Baleia Rossi nega ter negociado com os tucanos. "Não seremos escada para PT nem PSDB. Sempre defendi a candidatura própria. Mesmo quando 90% do partido era Chalita, eu era Skaf", disse.
Assim como Skaf, o deputado Gabriel Chalita migrou do PSB para o PMDB em 2011. Após ter ficado em quarto na eleição para prefeito de São Paulo, em 2012, era apontado como potencial candidato ao governo, mas perdeu espaço após ser acusado de receber favores de empresas quando foi secretário da Educação de Alckmin.
Chalita não participou do evento de ontem para promover Skaf. Sua assessoria disse que ele tinha uma palestra em Salvador. O PMDB diz que Skaf é o único nome para o Palácio dos Bandeirantes.
Terceira via
Diante da avaliação de que o PMDB manteria Skaf no páreo, o PT buscou reforçar o palanque do ministro Alexandre Padilha (Saúde), seu candidato em São Paulo, com outros partidos da base do governo federal.
Com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT estimulou a filiação do usineiro Maurilio Biagi Filho ao PR para que ele seja o vice.
Petistas lembram que, na última vez que a eleição paulista teve segundo turno, em 2002, havia uma terceira candidatura competitiva.
Naquele ano, José Genoino (PT) passou para a segunda etapa contra Alckmin com 32% dos votos válidos. O terceiro colocado, Paulo Maluf (PP), teve 21%.
Em 2006 e 2010, o petista Aloizio Mercadante teve, respectivamente, 31% e 35% dos votos. Nas duas ocasiões, com os pleitos polarizados entre PT e PSDB, os candidatos tucanos --José Serra e Alckmin-- levaram no primeiro turno, mantendo o partido no governo desde 1995.
Fonte: Folha de S. Paulo
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