Os três pré-candidatos se consideram vitoriosos nessa atual fase do processo, até quem estava fora
Passada uma semana do movimento de Marina Silva em direção ao presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, as amostras do eleitorado servem para deixar todos os pré-candidatos felizes. O que é raro, em se tratando em pesquisas de intenção de voto. Sempre tem aquele que fica meio borocoxô quando se dá conta de que a situação lhe é desfavorável, ainda que estejamos a um ano da eleição. Desta vez, entretanto, foi diferente.
Das consultas feitas por telefone pelos partidos ao Datafolha divulgado ontem, as pesquisas indicam que todos ganharam, até quem era tido como carta fora do baralho. Todos consideram que tem o que comemorar no cenário do momento, com a presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves e o governador Eduardo Campos no papel de concorrentes em 2014. A presidente-candidata ultrapassa a barreira dos 40%, o que os petistas consideram uma excelente performance, capaz de animar militantes e arrebanhar mais votos para lhes dar com segurança uma vitória no primeiro turno.
Os oposicionistas também não se consideram derrotados e veem o cenário como um grid de largada. Aécio rompe a marca dos 20% (tem 21%, oito pontos a mais), o que foi considerado positivo pelos tucanos. Eduardo passou aos dois dígitos, está com 15%, sete a mais, o que foi comemorado pelos socialistas.
O que vale de pesquisa nessa atual fase da corrida eleitoral é o potencial de mexer com a política. E dada as intenções de voto em favor de Marina Silva e de José Serra, tanto Eduardo quanto Aécio ainda viverão um período de pressões para que deixem de ser candidatos e apoiem aqueles que apresentam hoje uma performance melhor e, desde já, asseguram um segundo turno contra Dilma.
A mudança de candidato, no entanto, é improvável. Ainda mais nesse momento, em que os dois vivem momentos parecidos em relação ao eleitorado. Aécio hoje tem o controle do PSDB assim como Eduardo tem o leme do PSB. Ambos têm maioria nos respectivos diretórios para assegurar a candidatura. Ou seja, só deixam de ser candidatos se quiserem.
Para completar, tanto Eduardo quanto Aécio aparecem em terceiro contra Dilma, nos cenários em que um dos dois deixa de ser candidato e ambos são bem menos conhecidos do que os seus respectivos concorrentes internos, Marina e Serra. Os políticos ainda têm em conta que o único período de igualdade de condições para um candidato se tornar mais conhecido é a campanha em si. E nesse caso, dificilmente os candidatos e seus apoiadores estarão dispostos a perder essa oportunidade. Ainda mais agora, nessa conjuntura em que todos têm esperanças em relação ao futuro.
O PSB, por exemplo, se mostrava exultante ontem ao falar sobre o potencial de seu candidato. Seus integrantes dizem que, se no intervalo de uma semana Eduardo chegou aos dois dígitos e mais de 40% dos eleitores não sabem quem ele é, o maior trabalho dele agora é se tornar conhecido e assim ultrapassar Aécio.
Da parte do PSDB, Aécio é mais conhecido que Eduardo Campos e menos do que Serra. Ainda tem potencial para crescer, mas seus aliados passam a ter uma preocupação em não deixar Eduardo avançar tanto ao ponto de ultrapassar o tucano. Daí, a ideia de setores do PSDB de trabalhar a partir de agora no sentido de “vender” Eduardo como um subproduto do PT. Ocorre que essa posição é perigosa porque, se vingar, traz o risco de reaproximar PT e PSB. Parte do PSDB considera que Aécio não tem muita saída, a não ser jogar atirando Eduardo num lugar mais próximo aos petistas agora, mas não tão perto que permita a Lula resgatar o antigo aliado. Haja talento para empreender essa tarefa. Aliás, chegamos a fase em que todos terão que demonstrar talento político. E isso, os personagens da atual cena parecem ter de sobra. Até Dilma, que muitos consideram avessa a esse meio, tem algum talento e, onde falta, aparece Lula para compensar.
Enquanto isso, no QG petista…
A pesquisa Datafolha deixou ainda no PT a sensação de que os aliados, embora importantes, não têm tanto poder de influenciar o eleitor na hora de definir o voto em favor de um candidato a presidente. Afinal, a única eleitora forte que estava contra Dilma era Marina. E se os votos dela se distribuíram, é sinal de que, na hora de votar para presidente, ninguém manda no eleitor.
Essa avaliação, na opinião de muitos, pode ser um perigo, se acabar se disseminando no partido. Algo que tenha um efeito tão ruim quanto aquela entrevista em que o marqueteiro João Santana previu a vitória de Dilma no primeiro turno e chamou os protagonistas da oposição de anões.
Quem é do ramo da política costuma repetir todos os dias que não se ganha eleição de véspera. Por isso, todo o cuidado é pouco. Se o PT não tiver sabedoria e humildade para organizar os palanques estaduais e um dos atuais adversários se mostrar mais viável quando for mais conhecido, é bem capaz de os petistas terminarem surpreendidos, apesar de, no momento, todos ganharem. Mas a eleição esta tão longe que todo o cuidado é pouco. Um passo em falso e todo esse cenário de hoje pode se alterar. Não dá para esquecer que foram as impressões de Marina e de Eduardo sobre os movimentos do PT que acabaram aproximando os dois. Se essas impressões chegarem ao eleitor, talvez o futuro seja diferente. Afinal, não dá para deixar de ter em mente que, até aqui, salvaram-se todos e não tem nanico nessa disputa.
Fonte: Correio Braziliense
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