Um índice de risco
Lidos isoladamente, os números da pesquisa publicidade ontem favorecem a candidata Dilma Rousseff, ao permitirem simulações que a dão como eleita no primeiro turno contra os candidatos Aécio Neves e Eduardo Campos e vencedora em todos os cenários de segundo turno.
Mas, nessa última hipótese, a apertada diferença numa disputa com a ex-ministra Marina Silva indica que o patamar atual da presidente não é o ideal para quem tenta a reeleição.
A pesquisa, do instituto Datafolha, registra 41% para a ex-ministra num segundo turno, 21% para o senador mineiro e 15% para o governador pernambucano, no embate direto com a presidente. O total de ambos, de 36%, se somado a uma transferência mínima de votos de Marina para Campos, na hipótese dele ser o candidato, seria suficiente, em tese, para ameaçar a candidatura oficial Há, sim, uma vitória de Dilma, na recuperação de parte do patrimônio eleitoral perdido com as manifestações de junho, indicativo de que não existe ainda uma motivação para mudança em intensidade suficiente para embalar o frágil discurso oposicionista de fazer melhor simplesmente.
Se Marina Silva tivesse optado por ficar de fora da disputa, provavelmente a campanha do govemo permaneceria em céu de brigadeiro. Mas as simulações dela com Aécio ou Serra na briga levam a presidente para a casa dos 37%, porcentual de risco para sua meta de reeleição. Até maio do próximo ano, quando a campanha realmente ganhar dinâmica, é provável que as chapas de PSDB e PSB já estejam definidas com Aécio Neves e Eduardo Campos à frente, muito embora a confirmação da superioridade eleitoral da ex-ministra dobro de seu aliado projete uma fase de muita pressão interna de seu núcleo na aliança para que seja ela a candidata.
No cenário tucano, o alto índice de rejeição de José Serra dá ao adiamento da decisão formal sobre o candidato apenas um caráter de trégua na disputa entre ele e Aécio, já que na simulação ambos ficam na faixa de 20% - oito pontos abaixo de Marina - e o senador demonstra consistência eleitoral.
De tudo resulta que a aliança que viabilizou a permanência de Marina na disputa confirma a melhora do PSB, e cria dificuldades para Dilma. Se forem capazes de conciliar as diferenças, Campos e Marina tendem a crescer, projetando uma frente de oposição no segundo tumo contra a candidatura do governo.
O que explica Lula antecipara ida aos palanques. Sua liderança nas pesquisas sobre todos os candidatos, inclusive Dilma, pode fazer a diferença a favor da reeleição da presidente.
Dianteira
Pesquisa do PT para definir seus candidatos regionais dá à presidente Dilma 46% na região Nordeste e ao ex-presidente Lula, 70%. Feita antes da aliança Marina/Campos, a consulta dava a este último 5% - metade do porcentual de José Serra.
Soma
Velha raposa do PMDB avalia que as pesquisas aumentam o poder de barganha da base com o governo.
Subtração
Acordo com o Planalto reduzirá o desconto na dívida de estados e municípios com a União, no projeto a ser votado pela Câmara.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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