domingo, 13 de outubro de 2013

Rede já mapeia ação ambiental de Dilma

Assessores de Marina Silva mapeiam pontos vulneráveis do governo Dilma Rousseff na área ambiental. Marina deve entrar no palco das eleições presidenciais afirmando que, em vez de avanços, o que se viu foi retrocesso

Debate ambiental ressurge: Marina cita retrocesso e PT vê Campos como vidraça

O debate da sustentabilidade, eixo da campanha de Marina Silva em 2010 está de volta ao centro da cena. Assessores da ex-ministra do Meio Ambiente já estão mapeando os pontos mais vulneráveis da administração Dílma Rousseff na área de preservação ambiental. Marina deve adentrar o palco das eleições presidenciais - por ora ao lado do governador Eduardo Campos (PSB) - afirmando que, em vez de avanços, o que se viu no atual governo foi um enorme retrocesso. Do outro lado, no ensaio para o contra-ataque, governo e PT praticamente já definiu o alvo de suas baterias: o parceiro pernambucano da ex-ministra.

O objetivo é mostrar que a maioria dos aliados de Marina no PSB, sobretudo Campos, que preside o partido, está a anos-luz de serem bons exemplos na defesa do meio ambiente. Da bancada de parlamentares do PSB ao presidente do partido, não vão faltar críticas.

O caso do Código Florestal, que define limites para o uso da propriedade rural, é um bom indicador do que vem por aí. O grupo de Marina, tradicionalmente alinhado com ONGs ambientalistas, considera que sua aprovação, em 2012, foi um retrocesso;e atribuem a responsabilidade ao PT e ao governo.

"Ela deixou a questão correr solta no Congresso, favorecendo os setores ultraconservadores", diz o biólogo e ambientalista João Paulo Capobianco, um dos assessores mais próximos de Marina. "Nunca se viu antes uma ligação tão íntima entre governo e conservadores do Congresso. Estamos assistindo a um retrocesso absoluto na questão ambiental.".


Em Brasília, Luiz Antonio Carvalho, assessor especial do gabinete; da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, tem outro enfoque para a questão. "Entre os que defendiam as posições mais conservadoras e extremistas no debate do Código, que não reconheciam sequer direitos inscritos na Constituição, encontram-se parlamentares que hoje estão no PSB ou apoiam a candidatura de Eduardo"Campos", diz ele. Na lista de nomes que o assessor da ministra lembra de imediato aparecem o de Paulo Bornhausen, que liderava o DEM na Câmara na época do debate e hoje comanda o diretório estadual do PSB em Santa Catarina; e Heráclito Fortes, outro que trocou o DEM pelo PSB. Ele também cita nomes de integrantes da bancada ruralista que manifestam simpatia pela candidatura do governador pernambucano, como Abelardo Lupion (DEM-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).

As ações de Campos não vão escapar de rigorosa análise. "O PIB pernambucano cresceu no padrão chinês. Resta saber qual foi o padrão para a questão ambiental", diz Carvalho.

Pancada - As impressões do ambientalista e deputado licenciado Carlos Mine (PT-RJ), que sucedeu à ex-ministra na pasta do Meio Ambiente no governo Lula e hoje é secretário estadual no Rio, não são nada favoráveis a Campos. Ele conta que, em abril de 2008, logo após ocupar a cadeira de ministro, constatou que ò Estado que mais desmatava o remanescente da mata atlântica era Pernambuco.

"Os usineiros estavam plantando nas encostas e no leito de pequenos rios, literalmente", diz.

Ruralistas - A questão da aliança entre governo e setores ruralistas conservadores tende a ser onipresente. Na avaliação de assessores de Marina, a excessiva proximidade entre Dilma e a bancada ruralista no Congresso é que estaria por trás do fato de não ter sido criada nenhuma ; área de conservação ambiental desde 2011. Também seria a causa de terras indígenas e quilombolas não terem sido ampliadas de maneira significativa.

Não por acaso, o primeiro sacrificado na coalizão PSB-Rede foi o deputado Caiado, histórico ruralista e líder da bancada do DEM na Câmara. Na semana passada, após ouvir a ex-ministra insinuar que não haveria espaço para os dois no mesmo barco da eleição, ele a acusou de "intolerante" e retirou o apoio que vinha dando a Campos.

Curiosamente, umas das vozes mais firmes que têm se levantado em defesa de Dílma é a da senadora Kátía Abreu (TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CMA), recém-filiada ao PMDB. "Se conhecesse saberia que o Código Florestal trouxe segurança ao campo. Não é mais como na época em que ela era ministra e produzia decretos 24 horas por dia."

Fonte: O Estado de S. Paulo

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