“Não há como virar a página, porque é um fato relevante (o mensalão) que nossos adversários vão explorar.” – Ricardo Berzoini, deputado federal (PT-SP)
Dois colegas, no último sábado, atiraram na mesma direção – Jorge Bastos Moreno n'O Globo, Ruy Fabiano no meu blog (WWW.blogdonoblat.com.br). O alvo: Aécio Neves, senador por Minas Gerais, provável futuro candidato do PSDB à presidência da República.
Moreno contou o que ouviu de Aécio, a quem apresentou como “um novo Aécio”. Ruy, o que ouviu de Aécio em um vídeo que faz muito sucesso nas redes sociais.
Começando pelo Aécio do Ruy: “O Lula é um fenômeno. Não é uma coisa normal. O Lula é algo que, no futuro, os estudiosos, os sociólogos vão analisar como algo que jamais aconteceu neste país. Eu não me coloco neste patamar porque o Lula representa a aspiração de ascensão social de qualquer brasileiro. As pessoas veem Lula viajando pelo mundo, recebido por reis e rainhas, por grandes dirigentes internacionais...”
O Aécio de Moreno: “A Dilma é a melhor de todos eles”. Por “todos eles” entenda-se: o PT que governa o país há 11 anos, e que não presta. “Pessoalmente, gosto da Dilma e acho que ela também gosta de mim.” Aécio disse a Moreno o que nenhum candidato costuma dizer nem a seus assessores mais íntimos: “Se eu estiver fraco não terei constrangimento em me aliar a quem estiver melhor”.
A quem Aécio se referiu ao se dizer capaz de retirar sua candidatura para se aliar “a quem estiver melhor”? Levando-se em conta o quadro atual de aspirantes a candidatos, só há três nomes viáveis: o dele, o de Dilma e o de Eduardo Campos, governador de Pernambuco. Por mais que Aécio goste de Dilma, é razoável imaginar que ele pensava em Eduardo quando falou.
Na semana passada, depois de trocar agrados protocolares com Dilma durante uma visita dela a Pernambuco, Eduardo avançou no discurso que pretende aprimorar para ter alguma chance de concorrer a presidente no segundo turno. Lula é figura unânime entre Aécio, Eduardo e quem mais possa sonhar com vitórias impossíveis na política brasileira.
Ninguém ousa espinafrá-lo. Ninguém ousou em 2006 quando o mensalão era a chaga mais malcheirosa do primeiro mandato de Lula. Muito menos em 2010. A adesão de Aécio a Lula é uma mistura de afeto, admiração e encantamento. A de Eduardo leva em conta motivos mais fortes. Lula nasceu em Pernambuco. Encheu Pernambuco de dinheiro enquanto Eduardo o governava. Os dois são amigos fraternos.
Eduardo não perde uma ocasião de elogiar Lula. E de criticar Dilma. - Como Fernando Henrique fez (em relação ao antecessor) Lula chegou e muita gente não deu crédito. Mas ele também preservou a estabilidade, fez crescer a economia e colocou o país em um ciclo de inclusão social que precisa prosseguir. Se o Brasil parar a economia, do jeito que está parando, a gente vai desmanchar o que estava feito.
E a estocada final, sem dó nem piedade: “O governo parte para aliança mais ampla e mais conservadora do que tinha sido feita. Esse atual governo é mais conservador do que o de Lula, porque no de Lula naquele havia mais gente progressista, com presença de gente que militou no campo democrático, militou na esquerda. Agora, a coisa cada vez marcha para o campo tradicional, para uma coisa que é uma geleia”.
Eduardo tem um plano que pode até fracassar, mas que faz algum sentido. Por ora, Aécio não tem nenhum. Quem vota no PT não vota em Aécio Neves. Quem vota no PT pode votar em Eduardo. Lula sabe disso. Por isso orientou seus colegas de partido a não se atritarem com Eduardo. E Dilma a polarizar com Aécio.
Fonte: O Globo
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