Em seu café da manhã de final de ano, Dilma Rousseff decretou que governo pessimista é imperdoável. Tem razão. Faz parte do manual de regras do governante agir como animador de auditório na busca de dissipar nuvens negras.
Tudo, porém, tem limites. Ele não pode exagerar e vender ilusões. Se toma este caminho, cai no descrédito. Seu poder de entusiasmar a plateia perde a eficácia e, em vez de animar, só faz desanimar.
Este tem sido um dos equívocos do governo da petista desde o seu início. Na ânsia de rebater seus críticos e tentar criar uma onda de otimismo, ela e sua equipe radicalizaram num discurso bem irrealista.
Foi assim nas previsões sobre o crescimento da economia. Guido Mantega começou o ano dizendo que o país cresceria 4,5%, recuou para 4%, 3,5%, 3% e 2,5%. Devemos fechar 2013 crescendo 2,3%.
Os prognósticos mais do que otimistas, não só sobre o PIB mas também na área fiscal, minaram a credibilidade da equipe econômica. Afinal, foram desmentidos seguidamente. Mesmo assim, o discurso não mudou, sob a justificativa de que era preciso animar a plateia de empresários e consumidores.
Não funcionou porque, apesar de a economia ser movida pelas expectativas, elas precisam ter base real para despertar a confiança dos atores econômicos. Enfim, para rebater o pessimismo, o governo usou o figurino de prestidigitador.
Resultado: a presidente não vai ganhar o presente que desejou no Natal passado: um "pibão grandão" neste ano. Será de 2,3%. Não é uma "coisa extraordinária" como ela apregoou, mas não chega a ser uma tragédia. Pelo contrário. Em período de crise, é até razoável.
Fica, porém, um gosto de decepção nas festas natalinas. Parece, pelo menos, que a presidente aprendeu a lição. Prometeu não fazer mais previsões e admitiu ter caído na besteira de acreditar em algumas delas. A conferir.
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