Rafael Moraes
Futuros desafiantes da presidente Dilma Rousseff na eleição de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), indicaram ontem que deverão mesmo adotar posturas diferentes no espectro da oposição.
No evento em que lançou, em Brasília, cartilha com 12 diretrizes que vão nortear o programa do partido na próxima disputa pelo Planalto, o tucano destacou que o "PSDB é a oposição em adj etivos" ao governo do PT.
Campos, por sua vez, aproveitou a visita de Dilma a Ipojuca, na região metropolitana do Recife, para dar ênfase à estratégia de se colocar como alternativa eleitoral sem quebrar as pontes com o lulismo. Ele fez afagos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à petista, na primeira visita dela ao Estado desde que o PSB entregou os cargos no governo federal, em setembro.
Aécio e Campos têm feito gestos públicos de aproximação - recentemente jantaramjuntos em um tradicional restaurante do Rio - e de apoio mútuo em um eventual 2.0 turno da eleição presidencial. Mas enquanto o governador de Pernambuco alimenta a proposta de uma terceira via, o senador mineiro prega "clara divergência" com a gestão petista.
Ontem, ele repetiu críticas ao PT, acusou a presidente de praticar "gestão perdulária" e de fazer "um vale-tudo e o diabo" no governo. Durante o evento no auditório da Câmara dos Deputados disse ainda que o PT quer "ser o dono do País". "O Brasil não é vermelho, nem é do PT. Tampouco azul, nem é do PSDB. O Brasil é verde e amarelo, e é dos brasileiros."
Na véspera do lançamento da cartilha tucana, o ex-governador José Serra divulgou em redes sociais mensagem na qual indica que desistiu de disputar a indicação de candidato tucano ao Planalto com Aécio. O documento que direcionará a campanha tucana - batizado de "Para Mudar de Verdade o Brasil - confiança, cidadania e prosperidade" - foi modificado até uma hora antes de ser apresentado. Já no primeiro de seus 12 itens, fala em busca pela ética, pela intransigência à corrupção e radicalização da democracia e respeito a instituições como a imprensa.
"O PSDB é a oposição em adj e-tivos. Queremos encerrar esse ciclo, que tão mal vem fazendo ao Brasil, e iniciar um outro, onde eficiência e ética possam caminhar juntos", afirmou Aécio depois em entrevista.
A última viagem de Dilma a Pernambuco ocorreu em maio e o clima entre ela e Campos foi frio. Mas ontem o pernambucano fez afagos públicos à presidente e ao ex-presidente Lula. "Nossa relação foi construída ao longo de uma caminhada que não foi nada fácil. Tenho por vossa excelência um respeito muito grande. A senhora é uma brasileira honrada que ajudou na construção do Brasil que vemos hoje", afirmou.
O discurso foi feito diante de uma platéia de funcionários da Petrobrás no Complexo Industrial Portuário de Suape, onde foi anunciada a conclusão das obras da plataforma p-62 de extração de petróleo. "Tenho consciência de que para alguns esse seria um momento diferente do que está sendo. Poderia servisto como um encontro entre quadros políticos que amanhã poderão viver uma disputa democrática", reconheceu o governador. Lula, que levou Campos para seu ministério no primeiro mandato, foi citado como "um grande brasileiro".
Apesar dos afagos, ele usou em sua fala uma expressão típica da ex-ministra Marina Silva, sua aliada no projeto presidencial. "Nova política nos obriga a olhar para a frente. Recursos não pertencem a um partido ou a um governo, pertencem ao povo."
Na ocasião, Dilma anunciou um pacote de investimentos de R$ 2,9 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em obras de mobilidade urbana no Estado. Ela, contudo, não mostrou o mesmo entusiasmo para agradar o adversário. Em seu discurso, ela citou o governador apenas uma vez. "Queria agradecer a recepção fraterna e o alto nível das relações que sempre pautaram a nossa convivência", afirmou.
Pouco depois de participar de evento ao lado de Campos, Dilma postou em sua conta no Twitter que "Pernambuco merece mais". O comentário remete ao slogan de Campos: "É possível fazer mais e bem feito". "Pernambuco merece mais. Merece mais emprego. Mais mobilidade urbana. Hoje anunciei investimento de mais R$ 1,9 bilhão", escreveu Dilma. / colaborou
Fonte: O Estado de S. Paulo
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