Cartilha de Aécio adota postura de oposição ao governo do PT, enquanto Campos fala em avançar nas atuais conquistas
Isadora Peron
Os dois prováveis desafiantes da presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014 - o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o governador Eduardo Campos (PSB) - adotaram a mesma ideia de "mudança" nos documentos com as diretrizes que devem nortear os programas de governo dos seus respectivos partidos na disputa do ano que vem. Cientistas políticos ouvidos pelo Estado ressaltam, porém, a diferença no tom das críticas ao governo federal.
O documento lançado ontem pelo PSDB foi chamado de "Para Mudar de Verdade o Brasil".
O nome escolhido pela coligação PSB-Rede para sua plataforma foi "Mudando o Brasil".
Mas enquanto a cartilha tuca-na adotou a postura de oposição ao governo do PT, a do PSB destacou o fato de que pretende manter e avançar nas conquistas das últimas décadas.
"Ao ler o documento do PSDB, a sensação que dá é que, desde 2003 (quanto 0 PT assumiu 0 governo) nada de bom aconteceu no Brasil", disse o professor da Universidade Federal do ABC Sérgio Praça.
O primeiro item da cartilha tucana fala em "compromisso com a ética" e "combate intransigente à corrupção", bandeira que vem sendo levanta-da pelo PSDB desde 2005, quando o escândalo do mensa-lão veio à tona e envolveu nomes da alta cúpula petista.
Os dois termos - "ética" e "corrupção" -, no entanto, nem sequer são mencionados no documento PSB-Rede. O grupo liderado por Campos e pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva preferiu centralizar a sua crítica ao PT na necessidade de adoção de um "outro modelo de governabilidade", "sem a lógica da distribuição de feudos dentro do Estado".
O cientista político Rudá Ricci aponta ainda que enquanto o PSDB enfatiza questões ligadas à economia e à melhoria da gestão do Estado, a aliança PSB-Rede abordou mais temas como desenvolvimento sustentável e participação política.
Na avaliação do professor da FGV Marco Antonio Carvalho Teixeira, o fato de a cartilha de Aécio ter considerado o meio ambiente "a urgente agenda do agora" foi uma maneira de não deixar Marina, que tem uma antiga ligação com o setor, "falar sozinha" sobre o tema.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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