Após o predomínio de um clima de trégua, durante a visita do papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, teremos a retomada da ebulição política em agosto. Com a volta das sessões do Congresso dominada pela apreciação de vetos presidenciais, que indicará estancamento ou persistência da erosão da base governista. O retorno, também, das atividades do plenário do STF, que propiciará ao presidente Joaquim Barbosa – conforme antecipação que fez – promover logo o julgamento dos recursos (embargos) dos condenados no processo do mensalão, com possível prisão dos principais até o final do ano, se tais recursos forem rejeitados. Os passos finais do Palácio do Planalto na aposta pela reanimação de investimentos e da economia por meio de concessões à iniciativa privada na área de infraestrutura (rodoviária, de ferrovias, de novos aeroportos, de terminais de carga marítima), começando a haver dúvidas sobre a manutenção do caríssimo mega projeto do trem-bala. E a expectativa de novas pesquisas avaliativas dos governos (federal, dos estados e das capitais) e de candidatos, a serem realizadas com ou sem manifestações de protesto.
Quanto ao estancamento ou sequência da crise da base parlamentar governista, a novidade mais significativa é o protagonismo assumido pelo ex-presidente Lula no controle do relacionamento entre o Executivo e o Congresso. Com a clara subordinação da sucessora (“Ele não vai voltar porque ele não saiu”) e do PT, com o abandono ou isolamento das propostas de “volta Lula” e de ruptura da aliança com o PMDB. Ou a sucessora (que “não é mais do que a extensão da gente lá”) e o partido, blindando-a, passam a cantar a mesma música, ou ambos, e ele também, terão mínima ou nenhuma condição de manter o poder, na avaliação que Lula deve ter imposto aos parceiros. Sem que isso dispense a contenção ou uma reversão da queda de popularidade do governo e da candidata à reeleição. Na ausência das quais, e com uma continuidade dos indicadores econômicos negativos, os partidos não esquerdistas da referida base, à frente o PMDB, seguirão rechaçando plebiscitos dilmistas e provavelmente rejeitando vetos do Executivo, bem como deixando incerto se haverá ou não alinhamento reeleitoral. No caso da federação peemedebista, com o objetivo maior de preservar e reforçar o papel de principal força do Congresso (contra o projeto petista de chegar lá), ao que convém não acertar tal alinhamento.
No caso dos campos oposicionista e independente, os dados novos no recomeço da ebulição política são, primeiro – o estreitamento das relações entre o tucano Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, incluindo o preparo de alianças entre os dois partidos em palanques estaduais e a perspectiva, explícita, de composição num 2º turno presidencial; segundo – quanto a Marina Silva, o retardamento, ao máximo, da votação no Senado do projeto da Rede de Sustentabilidade (por acordo do Planalto e do PT com o presidente da Casa, Renan Calheiros), agrava as dificuldades para construção de uma base partidária de apoio que lhe garanta um tempo mínimo, indispensável, de competitiva propaganda eleitoral “gratuita”; e, terceiro – quanto a José Serra, o fracasso da fusão entre o PPS e o PMN, que poderia dar lugar a um partido com 20 ou 30 parlamentares serristas, deixa-o apenas com a alternativa de uma candidatura dependente do PSD de Gilberto Kassab, certamente inviável, apontando para provável permanência dele no PSDB de Aécio Neves e de Geraldo Alckmin.
Jarbas de Holanda é jornalista
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