quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Aposta bipolar
O “americanismo” na política brasileira, desde o pós-guerra de 1945, sempre foi uma tentação para as elites do país. Seria uma maneira de facilitar as coisas: um partido no governo, outro na oposição. Os militares tentaram o modelo por decreto: criaram a Arena e o MDB. A experiência virou um tiro no pé, com o MDB sovando a Arena nas urnas. Resultado: o general Golbery do Couto e Silva, em 1979, resolveu resgatar o velho modelo multipartidário europeu, que está aí até hoje, vivíssimo, com um megabloco governista liderado pelo PT, no poder, e uma oposição minguada, encabeçada pelo PSDB.

Vem aí mais uma tentativa de reforma política no Congresso. Não há a menor possibilidade de adoção do modelo bipolar norte-americano, mas haverá uma tentativa de enxugamento do quadro partidário, com o fim das coligações proporcionais.

É que existe uma polarização política de fato no país, que contrapõe os partidos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor. Os dois são expressões de projetos que emergiram na transição democrática, nos anos de 1980, sem nenhum compromisso com as estruturas partidárias que antecederam o golpe de 1964. Ambos são também os políticos sem mandato mais influentes na vida nacional.

Terceira via
Quem quiser que se iluda. Esses dois partidos protagonizarão o debate sobre a reforma política no Congresso. O choque entre as estruturas de poder que comandam — a União versus os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Alagoas e Pará — pode polarizar as eleições do próximo ano, com o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e com a candidatura oposicionista do senador mineiro Aécio Neves. Somente se um dos dois não for para o segundo turno das eleições presidenciais mas, sim, Marina Silva (Rede Sustentabilidade) ou outro candidato, essa polaridade, que já dura 20 anos, estará superada pela chamada terceira via.

Está manso
Do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, ontem, sobre a volta dos parlamentares ao Congresso: “Não vai acontecer nada. É sempre assim, quando maior a expectativa, maior a frustração”. Cunha, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o vice-presidente Michel Temer estão afinados. O líder do PMDB não pretende criar problemas para o governo na retomada dos trabalhos no Congresso.

Sócios
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), responsabilizou o adiamento dos reajustes de passagens pelas manifestações que eclodiram na capital paulista e pôs a culpa da decisão no governo federal. “Se o reajuste tivesse sido feito em janeiro, talvez não tivéssemos tido a onda de protestos. Mas houve um pedido do governo federal para adiar, por conta da inflação. E nós concordamos, porque nos permitiu dar um reajuste menor”, disse. É a tal história, se vovó tivesse barba era vovô.

Não foi
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) não foi ao evento no qual a presidente Dilma Rousseff anunciou a destinação de R$ 8 bilhões para a mobilidade urbana na capital paulista, tendo o prefeito Fernando Haddad (PT) como anfitrião. O tucano foi atropelado pelo Palácio do Planalto. Serão destinados R$ 3 bilhões exclusivamente para corredores de ônibus e terminais de integração. Além disso, um total de R$ 1,4 bilhão vai para drenagem; R$ 2,2 bilhões para a recuperação de mananciais; e R$ 1,5 bilhão para a construção de moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Trens
A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) criticou o fato de os investimentos do governo federal não terem contemplado os transportes sobre trilhos. “São Paulo é o maior canteiro de obras relacionadas ao transporte de passageiros sobre trilhos do mundo. Mesmo assim, quando tais obras estiverem concluídas, a oferta desse transporte será, ainda, inferior à demanda da população. É preciso investir mais e logo. Não há alternativa”, afirma Joubert Flores, presidente do conselho da entidade.

Boa vontade
A boa vontade da base aliada na volta do recesso está cheia de zeros: a presidente Dilma Rousseff autorizou a liberação de emendas parlamentares ao Orçamento da União, de agosto a outubro, em um montante de R$ 6 bilhões

Greve/ O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Carlos Alberto Reis de Paula, manteve a greve do setor aéreo, com as seguintes exigências: com 100% das atividades de controle de tráfego; 70% do efetivo das áreas de segurança e de operações; e um percentual mínimo de 40% nos demais setores.

Estágios/ A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) propôs ao Ministério da Educação uma alteração no currículo dos cursos de direito, que poderão incluir um estágio em comunidades carentes do país. O estágio, de seis meses, seria dentro do período do curso. A proposta foi apresentada pelo presidente da OAB, Marcus Vinícius Coelho.

Posse/ O ex-sindicalista Luiz Antonio de Medeiros tomou posse na Superintendência do Trabalho no Estado de São Paulo. Para o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias Medeiros, ele tem histórico sindical e vivência política.

Fonte: Correio Braziliense

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