Partido questionará o ex-presidenciável tucano sobre o plano pessoal para 2014. Se decidir continuar na legenda, ideia é convencê-lo a disputar algum cargo no Congresso
Baptista Chagas de Almeida, Paulo de Tarso Lyra
Tentar decifrar o enigma da esfinge José Serra. É essa a missão que terá, amanhã ou na segunda-feira, o vice-presidente nacional do PSDB, Duarte Nogueira (SP), em encontro com o ex-governador de São Paulo. A reunião deveria ter ocorrido na semana passada, mas, com a internação de Serra para fazer um cateterismo, foi adiada. Oficialmente, será apenas uma sondagem, não se falará em candidatura no ano que vem, até porque Serra continua tentando erguer o próprio palanque para a briga pelo Palácio do Planalto, com partidos como o PPS, o PSD e o PTB.
Oficialmente, o encontro entre os dois caciques tucanos não é confirmado, mas a reunião tem o aval até do deputado estadual paulista Andrea Matarazzo (PSDB), talvez o político mais próximo de Serra. O partido não falará em cargos para o ex-governador e ex-ministro da Saúde disputar, mas deixará a porta aberta para a vaga no Senado — no ano que vem, a disputa em São Paulo terá apenas uma cadeira.
Ter o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) como adversário, no entanto, é tarefa complicada, devido à popularidade que o parlamentar petista tem perante os eleitores. Por isso, a torcida no PSDB é que Serra opte — o que ele próprio vem descartando — por se candidatar a um assento na Câmara dos Deputados. A provável boa votação que teria serviria para aumentar a bancada paulista na Casa, razão de muitos torcerem para que ele aceite a missão.
Permanência
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) aposta todas as fichas na permanência de Serra no PSDB. Taxativo, FHC alega que o colega não conseguiria levar um único vereador para o partido que optasse para disputar a Presidência da República, e que não teria mais o apoio de nem a metade da bancada de São Paulo no Congresso. Rigoroso, Fernando Henrique prevê que Serra teria um fim melancólico para a carreira disputando o Palácio do Planalto pelo PPS. Não é à toa que o presidente da legenda socialista, deputado Roberto Freire (PE), tem-se mostrado, em conversas com aliados nos últimos dias, desanimado com essa possibilidade.
Na semana passada, quem teve uma longa conversa com Serra foi o atual presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), virtual candidato do partido para enfrentar a tentativa de reeleição de Dilma Rousseff em 2014. O telefonema foi dado logo que Serra deixou o hospital, no último sábado, depois da colocação de stent no coração. Toda essa movimentação no ninho tucano em torno de José Serra é tratada como extra-oficial. Até porque, dizem os integrantes do PSDB que conhecem bem Serra: o desfecho dessa novela só será conhecido em outubro, quando acabar o prazo para a troca de partidos para quem pretende disputar as eleições do ano que vem.
O PSDB reúne, na próxima terça-feira, em Brasília, o diretório nacional do partido, para discutir o cenário político com as manifestações de rua e, principalmente, o quadro sucessório com a queda da avaliação da presidente Dilma Rousseff apontada por todas as pesquisas de opinião. Será uma reunião ampliada, pois terá a presença também de todos os presidentes estaduais da legenda.
Governador
A preferência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), seria uma candidatura de José Serra a uma cadeira na Câmara dos Deputados, para puxar a legenda e aumentar a bancada tucana na Casa. A decisão também abriria a vaga no Senado para uma negociação com o presidente nacional do PSD, Gilberto Ksssab, ex-prefeito paulistano, ou quem sabe até com o PMDB. Se Serra insistir no Senado, no entanto, Alckmin aceitará sem reclamar, dizem aliados.
Fonte: Correio Braziliense
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