Diretório nacional do partido afirma que país permanece "injusto e desigual"
SÃO PAULO - A direção nacional do PT defende que tanto o partido quanto o governo Dilma Rousseff façam "retificações na linha política" para atender aos apelos das manifestações que tomaram conta das ruas do país em junho. O documento oficial com as resoluções do diretório nacional da legenda, divulgado ontem, admite ainda que o Brasil "permanece injusto e desigual".
O texto pontua que os partidos aliados ao governo federal são conservadores, mas deixou de fora os trechos mais críticos, propostos por alas do PT que querem a revisão da política de alianças e da política econômica. Na mira de um segmento de dirigentes está o PMDB, cuja relação com o governo e os petistas tem ficado cada vez mais tensa e delicada.
Segundo o presidente nacional do PT, Rui Falcão, as críticas dirigidas ao PMDB não foram incorporadas porque não apontavam a direção para eventuais mudanças. Dirigentes ouvidos pelo GLOBO afirmaram que o documento foi "suavizado".
Insistência no plebiscito para 2014
De acordo com o documento de 12 páginas, que foi objeto de discussão em duas reuniões do diretório nacional, "a condução de uma nova etapa do projeto popular exige retificações na linha política do PT e do governo, que se reflitam na atualização do programa e na consolidação de estratégia que expresse a radicalização da democracia".
Para os dirigentes do PT, "as manifestações (de junho) são consequência combinada dos êxitos e dos limites das mudanças realizadas no Brasil ao longo dos últimos 10 anos". No entanto, o partido admite que o Brasil "permanece um país injusto e desigual, e que vários direitos constitucionais inexistem na prática, na qualidade e na universalidade".
Os petistas reafirmam apoio à proposta da presidente Dilma Rousseff de fazer um plebiscito para a reforma política, determinando que o partido deve se empenhar em uma campanha para que o plebiscito ocorra e tenha validade ainda nas eleições de 2014, apesar de o próprio Congresso Nacional já ter descartado essa possibilidade. Para acelerar a realização do plebiscito, o PT propõe mobilizações pelas redes sociais, consultas e petições on-line.
O documento também traz críticas à mídia e pede a regulação do setor. Para os petistas, a imprensa mudou sua posição durante os protestos de junho, que tinham como foco a crítica ao transporte público. "A mídia conservadora, que no primeiro momento atacou a luta do MPL (Movimento Passe Livre), passou a divulgar e incentivar a participação, visualizando uma oportunidade de dirigir as insatisfações contra o PT e o governo Dilma. Depois, quando setores pautaram a democratização dos meios de comunicação, retraiu o entusiasmo, mas prosseguiu na disputa sobre a versão do ocorrido".
O PT afirma também que as manifestações causaram "perplexidade no mundo político e institucional" e transformaram o cenário político, com um "novo tipo de mobilização, convocada fora das formas e de atores políticos e sindicais dos últimos 30 anos". Com isso, o partido sentiu-se "desafiado a reformular sua análise e propor novos desafios à nação".
"Cabe ao PT propor um novo pacto político, programático, democrático e popular, capaz de unificar os partidos da base que dialoguem com essa nova conjuntura e movimentos sociais, inclusive os novos modos de organização, debate e mobilização", sublinha o documento.
Fonte: O Globo
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