Bruno Peres e Andrea Jubé
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff tem um encontro previsto para hoje com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu mentor político, no Palácio da Alvorada, residência oficial. O compromisso é mantido sob sigilo na agenda presidencial, embora as tratativas políticas dessa reunião tenham reflexo direto no governo, com as substituições de ministros que deixarão os cargos nas próximas semanas para concorrer às eleições e a inclusão de partidos aliados que apoiarão a campanha para a reeleição de Dilma.
Segundo apurou o Valor com integrantes da cúpula do PT, a reunião de hoje é um desdobramento da série de encontros políticos que a presidente tem mantido para tratar de reforma ministerial e composição de palanques estaduais. Na semana passada, Dilma esteve com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o vice-presidente Michel Temer (PMDB).
Dilma se ausentará do país durante uma semana, a partir de quarta-feira, devendo efetivar as trocas em sua equipe ao retornar de seus compromissos internacionais. Além de enfrentar o anseio do PMDB por mais espaço na Esplanada dos Ministérios, ao mesmo tempo em que precisa acomodar novos aliados que ainda não detém cargos no primeiro escalão - como Pros e PTB, Dilma precisa buscar um entendimento dentro do próprio PT sobre os representantes do partido ao seu redor.
A cúpula do PT avalia, por exemplo, que caso o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, seja deslocado para a Casa Civil, o petista deverá afastar-se da coordenação da campanha para a reeleição de Dilma e concentrar-se no andamento do governo. Em outro cenário, Lula defende que o recém-filiado ao PMDB Josué Gomes da Silva assuma o Ministério do Desenvolvimento, atualmente sob o comando do petista Fernando Pimentel, nome do partido para concorrer ao governo em Minas Gerais.
A substituição de Alexandre Padilha no Ministério da Saúde é outro debate aguardado para hoje entre Dilma e Lula. O nome do secretário de Saúde de São Bernardo do Campo, Arthur Chioro, ganhou força na disputa por uma das pastas prioritárias do PT, após a consulta que Dilma fez, também na semana passada, a Luiz Marinho, a quem Chioro está subordinado.
Já na construção de alianças partidárias nos Estados, preocupa sobremaneira o PT a situação da legenda no Maranhão e no Rio de Janeiro. A insistência de Lula na candidatura do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ao governo estadual tem criado um impasse considerado incontornável, diante da cobrança do PMDB por apoio petista à candidatura do atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão - que conta com a simpatia de Dilma.
Os contornos da crise política no Maranhão, decorrente da situação de agravamento da violência no Estado, também serão debatidos no encontro de Dilma e seu conselheiro político, já que ambos querem apoiar o candidato da família Sarney ao governo do Estado. A cúpula do PT local, por sua vez, defende o apoio ao pré-candidato do PCdoB, Flávio Dino, principal candidato de oposição à família Sarney, que tentará emplacar o secretário estadual de Infraestrutura, Luis Fernando Silva. Dino deve deixar a presidência da Embratur, vinculada ao Ministério do Turismo, até o fim deste mês para dedicar-se à sua candidatura, o que pode incluir uma articulação política com PSDB e PSB.
O imbróglio político no Estado deverá intensificar-se em abril, quando a governadora Roseana Sarney (PMDB) pode deixar o Palácio dos Leões para concorrer ao Senado. Em novembro, o então vice-governador Washington Oliveira, do PT, renunciou ao cargo para assumir uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Um "governador-tampão", com mandato até janeiro de 2015, deverá ser escolhido por eleição indireta pela Assembleia Legislativa, atualmente comandada por um peemedebista, o deputado Arnaldo Melo.
Fonte: Valor Econômico
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