PMDB indicou vice na chapa para a reeleição de Agnelo Queiroz ao governo distrital e abriu caminho para a tríplice aliança com o senador Gim Argello. Petistas de Brasília, porém, resistem a apoiar o trabalhista
Eduardo Miranda
Se a aliança nacional entre PT e PTB em torno da candidatura da presidenta Dilma Rousseff já está praticamente sacramentada, o mesmo não se pode dizer sobre as tentativas de acerto entre os dois partidos para a corrida ao Senado em Brasília. No PT regional, a resistência em apoiar a reeleição do senador Gim Argello (PTB) cresce na mesma proporção em que o diretório do partido tenta dar visibilidade aos nomes do deputado licenciado e atual secretário de Habitação Geraldo Magela e do deputado distrital Chico Leite.
Partido da base aliada em Brasília e no governo federal, o PMDB vai reeditar com o PT a chapa para reeleger o governador Agnelo Queiroz, indicando mais uma vez o peemedebista Tadeu Filippelli como vice. Por esse motivo, o PMDB já havia dado indícios de que deixaria o caminho livre para o PTB indicar o senador e, assim, compor uma tríade partidária. O PT nacional, por sua vez, não tem problemas em apoiar a reeleição de Gim ao Senado, mas, por enquanto, não quer desrespeitar o processo de decisão do diretório distrital, que deve apresentar sua decisão até maio.
No PTB, já se fala em rompimento da aliança, com o argumento de que a reeleição de Gim Argello no Congresso era prioridade em Brasília e foi vendida dentro do pacote da coligação nacional da legenda com o PT para reeleger a presidenta Dilma. Receosos com a ruptura, alguns petebistas articulam o nome do senador para a Câmara. A ideia seria a de aproveitar a popularidade de Gim em Brasília e torná-lo puxador de votos nas eleições majoritárias.
Cientista político da consultora Arko Advice, Cristiano Noronha diz que ainda é cedo para definir o cenário dos candidatos ao Senado, mas assinala que o PTB pode ter alguma vantagem sobre o PT no futuro, já que o governador Agnelo Queiroz enfrentará "uma reeleição difícil por conta da alta rejeição". Na pesquisa CNI/Ibope de dezembro do ano passado, apenas 16% das pessoas ouvidas no Distrito Federal aprovavam o governo de Agnelo.
Nome que oferece riscos à reeleição de Gim, o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT) era apontado dentro de seu partido como candidato natural ao Senado. Porém, pedetistas já têm falado na candidatura de Reguffe para o governo distrital. A lógica seria capitalizar a popularidade do deputado, o mais votado nas eleições de 2010, com 266 mil votos. Em pesquisa realizada pelo instituto Vox Populi, em setembro do ano passado, o deputado aparecia tecnicamente empatado com a deputada distrital Eliane Pedrosa (PPS), liderando a corrida ao Senado, com 14%.
Assim como Reguffe, Eliane, que era o nome do PPS para o Senado, pode se aproveitar da popularidade para tentar fazer frente à reeleição do governador Agnelo. Há menos de dois meses, o partido aprovou, durante um congresso da legenda no Distrito Federal, o nome da parlamentar como pré-candidata ao governo de Brasília.
A decisão sobre a candidatura de Eliane, porém, será definida somente a partir de maio, quando acontecem as convenções estaduais que irão oficializar os nomes dos candidatos.
A nove meses das eleições, a indefinição de nomes para a vaga única do Senado é natural, explica Cristiano Noronha. Para o cientista político, a disputa fica a reboque da movimentação dos partidos em torno de candidatos ao governo do Distrito Federal. Daí, o fato de o senador Gim Argello ser o único que declarou pública eclaramentesua intenção de concorrer ao Senado.
O fenômeno se repete, também, no Psol, onde Toninho do Psol foi escolhido no congresso regional do partido como o pré-candidato ao governo da capital federal. Ex-governador e ex-senador que renunciou em 2007 para escapar de um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética, Joaquim Roriz (PRTB) já cogitou concorrer ao Senado, mas, assim como os demais, tenta articular sua volta ao governo do Distrito Federal.
Fonte: Brasil Econômico
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