Fábio Brandt
BRASÍLIA - O PDT, partido que apoia o governo da presidente Dilma Rousseff, incentiva a aproximação de um de seus principais candidatos a governador neste ano com os oposicionistas Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Trata-se do senador Pedro Taques, do Mato Grosso, considerado pela cúpula pedetista como um de seus filiados com mais chances de ser eleito este ano para governar o Estado.
Desde que chegou ao Senado, em 2011, Taques não se diz governista nem oposicionista. Intitula-se "independente". A parceria que ele busca no Mato Grosso, no entanto, é muito mais próxima da oposição à Dilma e ao PT. Ele tem negociado a formação de uma aliança com o PSDB, o PSB, o DEM, o PPS, o PV e o PTB.
PSDB, DEM e PPS são, no Congresso, os portadores do discurso oposicionista mais contundente contra o governo. Estiveram juntas na eleição de 2010 apoiando José Serra. Já o PSB tornou-se o mais novo adversário do Palácio do Planalto ao lançar a candidatura de seu presidente, Eduardo Campos, na corrida presidencial. O PTB e o PV, por sua vez, ainda não definiram posição para a eleição nacional.
Cauteloso, Taques afirma que a formalização da candidatura "está um pouco longe" e que a aliança "ainda não está definida". Mas o vice-presidente nacional do PDT, deputado cearense André Figueiredo, assegura que a cúpula partidária aprova as negociações conduzidas pelo colega mato-grossense e que a sigla "não abre mão da candidatura [de Pedro Taques], que é irreversível".
Segundo Figueiredo, é inaceitável que um candidato a governador do PDT faça campanha para um presidenciável que não seja o escolhido pela direção nacional do partido. De acordo com essa lógica, se a sigla decidir ficar ao lado do PT e apoiar a reeleição de Dilma, Pedro Taques não poderá pedir votos para Aécio nem para Eduardo Campos. "Mas a gente compreende que o Aécio suba no palanque dele. O palanque é do Pedro, não do Aécio. Apoio não se recusa", afirma o dirigente.
Apesar de ser uma sigla da base governista no Congresso Nacional, o PDT dá sinais ambíguos com relação à eleição presidencial. Seu presidente nacional, o ex-ministro Carlos Lupi, já indicou que pode apoiar a reeleição de Dilma ou embarcar nas campanhas de Aécio ou de Eduardo.
Outro indício do caráter oposicionista da candidatura de Pedro Taques é o fato de ele topar disputar o governo do Estado contra um candidato que tem chances de ser apoiado por Dilma. Fontes do PT falam sobre a possibilidade de apoiar, no Mato Grosso, o empresário Eraí Maggi, filiado ao PP e primo do senador Blairo Maggi, filiado ao PR. Outra hipótese, menos provável, é que o PT consiga convencer o juiz Julier Sebastião da Silva a entrar no partido e disputar o governo.
Taques está em seu primeiro mandato de senador. Elegeu-se em 2010, ano em que abandonou a carreira que fez como procurador da República para poder disputar a eleição. Eleito, adotou um discurso de combate à corrupção para seu mandato. É autor do projeto que propõe tornar a corrupção um crime hediondo e da proposta de emenda à Constituição (PEC) que exige ficha limpa das pessoas que ocupam cargos públicos de confiança. Ele desfruta de prestígio entre líderes da oposição.
O presidente nacional do DEM, senador José Agripino (RN), diz que incentiva a formação da coligação de seu partido com o PDT de Pedro Taques. Segundo ele, o que ainda é preciso definir é a composição da chapa. O DEM espera emplacar Jayme Campos como candidato ao Senado na chapa de Taques. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), diz que "o Pedro Taques tem se revelado um grande parlamentar e que merece todo o respeito, não apenas como político". Segundo Freire, a situação no Mato Grosso já está "bem encaminhada".
Fonte: Valor Econômico
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