PT diz que ataque foi um "desabafo"
Dirigente nacional petista, Alberto Cantalice crava que nota não reflete posição do partido. Na web, Eduardo Campos responde: "Os cães ladram, a nossa caravana passa"
Mais de 24 horas após a publicação da nota do Partidos dos Trabalhadores em sua página do Facebook, onde classifica o governador-presidenciável Eduardo Campos como "playboy mimado", o tema continua gerando polêmica. Responsável pela gestão de mídias sociais do partido, Alberto Cantalice, negou que o texto representasse um posicionamento oficial da legenda, mas reforçou o tom adotado, segundo ele, por um dos integrantes de sua equipe.
Cantalice chamou o texto de "desabafo" e afirmou que foi uma resposta às "diversas provocações" que o PSB e o governador vêm fazendo no ambiente virtual. "O grupo (que faz a gestão da rede) está insatisfeito com as críticas frequentes que o governador vem fazendo a um governo do qual ele participou por mais de dez anos, entende? Considero legítimo ele (Eduardo) se candidatar, mas não ficar fazendo críticas como se sempre tivesse atuado como oposição", disparou Cantalice, que também é segundo vice-presidente nacional do PT.
O dirigente nacional do PT negou, entretanto, que a publicação refletisse uma posição da Executiva nacional. "Tanto que não foi postado no site do partido", afirmou ele, que disse ter dado aval para a publicação. Mesmo admitindo o tom forte do documento, Cantalice tentou minimizar a repercussão da nota. "Ele (Eduardo) tem feito críticas sistemáticas a nós. Sentimos que precisávamos rebater e saiu esse texto. Não pretendemos retirar do ar ou bloquear. Isso acontece", afirmou o petista. O Palácio do Planalto não aprovou o ataque, mas também não teceu comentários publicamente.
No PSB, a orientação dada pelo governador é colocar "panos mornos" no episódio. As lideranças não devem rebater. Apesar da irritação com a postagem, Eduardo Campos quer reforçar o discurso de que não entrará em brigas.
Em sua página no Facebook, o socialista respondeu ao PT de forma curta e enfática - apesar de no mesmo texto ele mencionar que não se pronunciaria -, classificando a nota petista como "ataque covarde".
"Em respeito às inúmeras pessoas que mandaram mensagens, direi apenas que sigo firme no debate de alto nível sobre o Brasil. O resto a gente ignora. Porque, enquanto os cães ladram, a nossa caravana passa", provocou Eduardo.
Na mesma publicação, o presidenciável compartilhou a resposta oficial do PSB, de autoria do vice-presidente nacional da sigla, o deputado federal Beto Albuquerque (RS). O posicionamento, publicado também no site do partido, avalia a atitude do PT como "desespero" em meio "à discussão democrática do PSB em ter candidato próprio à Presidência da República". A assessoria de imprensa da ex-senadora Marina Silva (PSB) afirmou que ela não se manifestará. Em tom irônico, a nota petista acusa a ex-parlamentar de praticar "adesismo puro e simples" por causa da aliança com o PSB.
PSDB: apoio a Eduardo e Marina
Fora da polêmica protagonizada pelo PT e pelo PSB, a cúpula do PSDB manifestou-se ontem, por meio de nota da sua Executiva nacional, em defesa do governador Eduardo Campos e da ex-senadora Marina Silva. Classificando o Partido dos Trabalhadores de "intolerante", os tucanos se solidalizaram tratando o texto como uma artimanha para constranger os adversários.
"Agora na oposição, o governador de Pernambuco e a líder do Rede Sustentabilidade experimentam a face covarde e autoritária do ativismo petista, da qual outros líderes das oposições têm sido vítimas contumazes, nas redes sociais: ataques organizados, quase sempre encobertos pelo anonimato de uma suposta militância dedicada a destruir reputações, e que atua como um exército especializado em tentar transformar mentira em verdade e calúnia em informação", diz o texto assinado pela Executiva do PSDB.
Desde que Eduardo decidiu-se pela disputa presidencial, vem firmando parcerias com o PSDB nos ataques ao governo e até mesmo em um pacto de não agressão nas disputas de Pernambuco e Minas Gerais, que culminou com o sacrifício de alguns tucanos que vinham atuando numa oposição na Assembleia Legislativa, caso dos deputados estaduais Terezinha Nunes, Daniel Coelho e Betinho Gomes.
No texto, o PSDB afirma que é necessária a criação de um ambiente mais democrático no País. "Os brasileiros e a democracia brasileira reclamam um novo ambiente político, onde as divergências sejam respeitadas e as artimanhas de intolerância montadas para constranger adversários e impedir o debate democrático sejam desarmadas. O PSDB manifesta solidariedade ao presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos, e à ex-senadora Marina Silva por mais essa flagrante demonstração de intolerância do Partido dos Trabalhadores em relação aos seus opositores, o que confirma a incapacidade do partido de conviver com adversários e ideias que se contrapõem ao atual projeto de poder".
Em defesa de Eduardo
Aliado dos petistas, Armando Monteiro (PTB) diz que nota contra governador foi de "mau tom". Luciano Siqueira (PCdoB) minimiza mal-estar. Na web, PPS provoca PT
Aliado dos petistas, o senador Armando Monteiro Neto (PTB) criticou a nota publicada anteontem no perfil oficial do PT no Facebook. De férias na França, o parlamentar afirmou que não leu o texto, mas soube da repercussão por meio dos jornais e classificou a mensagem como "uma coisa de mau tom e nível baixo". Para ele, esta não é a forma correta de fazer o debate político.
Na opinião de Armando Monteiro, no entanto, a publicação não partiu de lideranças petistas. "Só posso imaginar que foi uma obra de alguma figura despreparada para o debate ou alguém que fez para prejudicar o próprio PT, porque isso não serve ao partido", comentou.
No fim do ano passado, sem sinalização de apoio de Eduardo Campos à pré-candidatura a governador de Armando Monteiro, o PTB rompeu a aliança estadual com o PSB. O parlamentar já avisou que estará no palanque de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
Principal liderança do PCdoB - partido integrante da base aliada do governo federal -, o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, preferiu minimizar o teor da nota do PT. Disse que a expectativa da legenda é que a eleição deste ano seja marcada por um debate sobre os problemas do Brasil e não se restrinja a questões pessoais.
"É importante destacar que são dois partidos que fazem parte do mesmo campo de forças. Não podemos permitir que as alianças de caráter eleitoral - uma realidade no Brasil hoje - possam terminar com uma relação política de mais de uma década", ponderou Siqueira.
A publicação foi um "prato cheio" para o presidente nacional do PPS - que integra a oposição ao PT e já anunciou apoio à candidatura de Eduardo Campos a presidente -, o deputado federal Roberto Freire (SP), provocar os petistas. "Será que o PT tem pesquisa interna que mostra Eduardo Campos começando a incomodar a reeleição de Dilma? Daí as patéticas e agressivas notas?", escreveu, no seu perfil no Twitter. Ele classificou a postagem como "arrogante" e uma "demonstração de desespero". (B.S. e G.L.)
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário