Depois de consumada a aliança com a irmã Marina, a declaração de apoio do PDT local e da banda podre do PMDB local, chegou a hora do PSDB local. Pelo visto em Pernambuco, vamos ter uma campanha "sui generis": a nivel nacional, os partidos vão apoiar a Presidenta Dilma (por conta dos cargos); mas a nivel regional ficam com a candidatura do governador (também por cargos). Afinidades políticas ou fisiológicas?
O Brasil é um país grande e desigual. Sua estrutura federativa é assimétrica e multicultural. Uma lei como a verticalização das coligações deveria corrigir esses disparates, onde partidos que estão juntos na esfera federal, estão separados na estadual e municipal. No entanto, O caráter de uma federação anômala e competitiva como a nossa estimula os partidos e os políticos a fazerem todo tipo de aliança e coligação, cujo objetivo é meramente eleitoral.
No caso da aliança do PSB com o PSDB, não deveria haver muita surpresa. O governador de Pernambuco nunca escondeu sua admiração pelo candidato do PSDB, Aécio Neves. Chegou - inclusive - a importar um grande assessor do ex-governador mineiro para "dar um choque de gestão" em seu secretariado. E inquirido àquela época o porquê daquela aproximação, respondeu o mandatário pernambucano que o motivo eram os altos índices de aprovação da gestão do político mineiro. Sem dúvidas, há muito mais afinidades entre ele e Aécio, do que entre ele e Dilma. Além de que ambos disputam a mesma coisa: o lugar de Dilma. A diferença é que o neto de Arraes foi governista até pouco tempo atrás. Sua saída despertou muitas dúvidas e críticas de oportunismo etc. Enquanto o ex-governador mineiro sempre foi uma oposição ao PT.
Na verdade, essa aliança com o PSDB, com Marina, com um pedaço do PMDB e o PPS tem tudo para ser uma aliança pragmática, com os olhos voltados para a conquista do cargo. Uma vez atingidos os objetivos eleitorais, faz-se sem nenhum pudor o loteamento da administração pública federal, como aliás foi feito aqui em Pernambuco com os partidos aliados. O que menos importa é a convergência doutrinária ou ideológica, porque disso a eleição não se ocupa.
Como dizia um vereador do PSDB de carteirinha: política e eleição nada tem a ver. Ele mesmo profundamente incomodado agora com essa aproximação do seu partido com o governo do Estado. É uma pena. Precisamos de uma oposição séria, consequente e de princípios.
Michel Zaidan Filho, sociólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco
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