Apesar de castigada por um ano de péssima administração do PT em São Paulo, a maior cidade do país continua sendo um orgulho para todos os brasileiros e um dos cartões postais da nação.
Megalópole multicultural, a capital dos paulistas se caracteriza por receber muito bem gente dos quatro cantos do Brasil e de várias partes do mundo. Neste sábado (25), os paulistanos têm motivos de sobra para sair às ruas e celebrar o aniversário de 460 anos de uma metrópole pujante, rica e acolhedora.
Além da data comemorativa que, por si só, enseja uma série de eventos festivos pela cidade, inclusive no Ipiranga, São Paulo relembra um dos momentos mais marcantes de sua história nesta data especial. Há exatos 30 anos, no dia 25 de janeiro de 1984, a Praça da Sé se transformava em palco de um dos primeiros grandes comícios da campanha das Diretas Já, que simbolizou a luta pela retomada das eleições diretas para a escolha do presidente da República.
Segundo estimativas, compareceram ao evento cerca de 300 mil pessoas, o que surpreendeu até mesmo os organizadores. Os alto-falantes não eram suficientes para que a multidão que tomou a Praça da Sé, um dos símbolos de São Paulo, ouvisse os discursos inflamados e as palavras de ordem. Mas nem era preciso tanto esforço para se fazer entender, pois cada uma das pessoas que ali estavam sabia por que lutava e com qual país sonhava em deixar como legado a seus filhos.
Foi a partir do comício da Sé que os veículos de comunicação, ainda receosos por anos de censura durante a ditadura militar, começaram a acompanhar o movimento com mais atenção e a divulgar os comícios que se espalhavam por todos os estados brasileiros. No Rio de Janeiro, por exemplo, essas grandes manifestações populares aconteciam em frente à Igreja da Candelária. Três meses depois do ato histórico na Sé, São Paulo abrigou outro comício marcante, desta vez no Vale do Anhangabaú. Àquela altura, a plena redemocratização era mera questão de tempo.
A campanha das Diretas, lançada como forma de pressionar o Congresso Nacional a votar a Emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para presidente da República, teve início já em 1983. O primeiro evento público foi realizado na cidade de Abreu e Lima, em Pernambuco, estado onde comecei minha trajetória política e pelo qual militei durante décadas antes de chegar a São Paulo. Logo depois, a Boca Maldita, em Curitiba, foi palco de mais um ato pelas Diretas Já. Ainda em 1983, no mês de novembro, mais de 10 mil pessoas se reuniram na Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu. Os eventos foram ganhando força e amplitude nacional, pavimentando o caminho para o restabelecimento definitivo da democracia no país.
Graças às manifestações que tomaram conta das ruas brasileiras, foram criadas as condições políticas necessárias para que a Câmara dos Deputados votasse, em 25 de abril de 1984, a Emenda Dante de Oliveira. Com a ausência de 113 deputados, todos do antigo PDS, o texto acabou rejeitado, mesmo contando com 298 votos favoráveis, ante 65 contrários e três abstenções. Faltaram apenas 22 votos para que a emenda fosse aprovada, o que gerou uma enorme frustração nacional.
Mas estava claro que o Brasil teria apenas mais uma eleição indireta para presidente. Indicado pelo PMDB, Tancredo Neves derrotou Paulo Maluf, o candidato do PDS, no Colégio Eleitoral, mas não pôde assumir porque morreu em 21 de abril de 1985. José Sarney, o vice em sua chapa, assumiu a Presidência na ocasião. Em 1989, finalmente, o Brasil votou pela primeira vez para presidente após a ditadura.
Com todos os problemas enfrentados por nosso sistema político atualmente, apesar dos desmandos do PT tanto no governo federal quanto na Prefeitura de São Paulo, o fato é que vivemos hoje o mais longo período de estabilidade democrática da história brasileira. Isso se deve, sobretudo, à luta da sociedade pela redemocratização do país, simbolizada pela campanha das Diretas e nos grandes comícios como o da Praça da Sé, há 30 anos. São Paulo e o Brasil têm muito a comemorar neste 25 de janeiro.
Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Fonte: Gazeta do Ipiranga & Portal do PPS
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