Consulta mostra que 46% dos eleitores da ex-senadora votam em Alckmin
Maria Lima
BRASÍLIA — No dia 4 de fevereiro, o governador de Pernambuco e presidenciável do PSB, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva estarão juntos em um ato em Brasília para a divulgação do esboço do programa conjunto de governo da chapa PSB-Rede. Estará sendo cumprida a primeira parte das exigências de Marina para a formalização de sua participação na aliança como vice, o que não tem ainda data para acontecer.
A segunda exigência, que é a definição de candidaturas próprias no Rio, em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, só será cumprida, ou não, depois de 25 de março, quando a Executiva do PSB vai analisar os acertos regionais, em especial as alianças com o PSDB. Até lá, dirigentes do PSB, munidos de pesquisas, vão tentar convencer Marina sobre as vantagens da aliança com os tucanos, em São Paulo principalmente.
Em 4 de abril, com ou sem Marina na chapa presidencial, o PSB vai fazer outro grande ato político para marcar a saída de Eduardo Campos do governo de Pernambuco e a inauguração de um comitê central de campanha em Brasília.
Embora a Rede defenda candidaturas próprias nesses estados, o PSB não abre mão da aliança com o PSDB em Minas e Pernambuco, e vai recorrer a pesquisas para tentar convencer Marina e seus companheiros da Rede de que será um risco não renovar a aliança com o governador Geraldo Alckmin em São Paulo.
O PSB já tem pronta uma pesquisa quantitativa mostrando que 46% dos eleitores de Marina — que tem cerca de 20% das intenções de voto em São Paulo — votam no governador tucano.
A mesma pesquisa mostra que 30% querem candidato próprio, mas do PSB e não da Rede. Ou seja, seria o deputado Márcio França (PSB-SP), e não Valter Feldman, ligado a Marina e considerado de baixa viabilidade eleitoral.
Mesmo assim, setores do PSB consideram que não será fácil convencer a ex-senadora sobre a parceria com os tucanos em São Paulo. Os números das pesquisas dão outro argumento para o PSB: indicam que, sem a aliança com Alckmin, metade dos votos de Campos em São Paulo vai para Aécio.
— Dificilmente, Marina será convencida com esse argumento de que Eduardo perde votos sem Alckmin. O problema deles é dar visibilidade à Rede em São Paulo — diz um amigo de Campos.
Também será feita uma pesquisa qualitativa
O PSB encomendou outra pesquisa, desta vez qualitativa, para entender o diagnóstico — nesse tipo de pesquisa, os entrevistados são instados a reagir a determinadas declarações e situações. Para ter dados mais consolidados em mãos, é que foi adiado para 25 de março o início das decisões da Executiva nacional do PSB sobre alianças nesses estados.
Os diretórios regionais vão encaminhar um diagnóstico local, e a Executiva vai decidir em cima do que as pesquisas apontarem como melhor para a eleição de Campos. Esse é o recado dos interlocutores de Campos: o PSB não vai se aventurar em candidaturas inviáveis nos estados só para fortalecer a Rede, em detrimento do projeto nacional.
— Miguel Arraes já dizia que, quando o gato olha para dois ratos, não pega nenhum. Nossa prioridade é eleger Eduardo Campos e é nisso que estaremos focados — disse o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS).
Outra situação que o PSB considera resolvida é a manutenção da aliança com o PSDB em Minas. Para os líderes do PSB, a despeito da rebelião ensaiada por um grupo da Rede em Minas, Marina e integrantes do grupo nacional da Rede já sabem que essa parceria não será desfeita. Campos e o presidenciável tucano Aécio Neves fizeram o acordo prévio: o PSDB não lança candidato ao governo de Pernambuco, para não atrapalhar os planos de Campos; e o socialista não lança candidato ao governo de Minas.
Provável candidato em Minas pelo PSDB, em coligação com o PSB, o ex-ministro Pimenta da Veiga lembrou que o acordo é fruto do reconhecimento de que o PSB teve um crescimento extraordinário em Minas, sempre em aliança com o PSDB, como na eleição e na reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB).
Fonte: O Globo
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