Pré-candidato do PSB fez bate-papo com internautas acompanhado pela aliada Marina Silva
Governador de Pernambuco defendeu unificação das eleições e mandato de cinco anos sem reeleição
Letícia Lins e Maria Lima
BRASÍLIA e RECIFE - Apesar da resistência da Rede Sustentabilidade a algumas alianças que o presidenciável Eduardo Campos (PSB) pretende amarrar para a campanha de 2014, o governador de Pernambuco deixou bem claro que, mesmo defendendo a nova política, não pedirá atestado ideológico a quem quiser aderir a sua candidatura. Campos disse também que, independente do partido, quem concordar com o programa da aliança PSB-Rede será bem recebido.
— Já apresentamos as diretrizes do programa, para a sociedade. Aqueles que quiserem se somar às diretrizes e a esse conteúdo serão bem vindos. O eixo programático será respeitado no plano nacional, como fizemos aqui em Pernambuco.
As colocações foram feitas no final da tarde desta sexta-feira, durante rápida entrevista no portão da residência do socialista, no bairro de Dois Irmãos, zona norte da capital pernambucana. Campos falou ao lado da ex-ministra Ministra Marina Silva (PSB), que fez uma visita de mais três horas para conhecer o caçula da família, que nasceu com síndrome de Down. O conteúdo da conversa com o governador não foi revelado, e Marina classificou a sua presença na casa como “uma visita para Renata”, mulher de Campos. A ex-senadora disse que foi levar carinho à família, curtir o bebê. O governador insistiu na tese de que está praticando a nova política, e que fazer alianças com políticos tradicionais não seria, necessariamente, uma iniciativa conservadora:
— A nova política é, na verdade, quando os políticos se unem em torno de uma pauta do povo. Como nos unimos em 2006 com partidos de centro aqui em Pernambuco e fizemos um governo de mudança que tem 83 por cento de aprovação da população. A velha política é aquela em que os políticos se reúnem em torno dos seus próprios interesses.
Bate-papo no Twitter
Em conversa com internautas nesta sexta-feira, Campos anunciou que é a favor de unificar as eleições no mesmo ano e do mandato de cinco anos sem direito a reeleição. Ele participou de bate-papo pelo Twitter, sob a hashtag “EduardoResponde”. Ao ser questionado sobre as eleições, Campos disse que se a mudança já valesse para 2018, com o campo aberto na próxima eleição, isso poderia facilitar a decisão da aliada de Campos, a ex-senadora Marina Silva, sobre a formalização da chapa PSB/Rede na condição de vice-presidente em 2014.
O bate-papo com os internautas aconteceu na casa do presidenciável em Recife, e foi acompanhado por Marina Silva,que foi visitar a primeira dama de Pernambuco, Renata, e o recém-nascido Miguel. Campos respondeu sobre combate à seca, reforma tributária, como governar com os atuais partidos no Congresso, e anunciou que a prioridade se eleito, será reservar as conquistas das última décadas e melhorar a qualidade da democracia e do serviço público e iniciar um ciclo de desenvolvimento sustentável. Para dar conta desses objetivos, a prioridade número um é a educação.
Sobre a falta de planejamento de longo prazo, citada por um internauta, Eduardo Campos disse que é preciso combater a crise de expectativa com respostas de longo prazo, lembrando que as grandes nações têm mecanismos de planejamento que ultrapassam mandatos.
A primeira pergunta foi “Como combater a sensação de insegurança que o governo do PT trouxe para todo o país?”. Campos respondeu:
“Tenho dito que o país passa por uma crise de credibilidade, que atinge muito a Economia, mas não apenas ela. Preciso recuperar compromissos com investidores e fazer nosso povo voltar a acreditar no Brasil”, afirmou.
O pré-candidato socialista fez um aceno especial para os jovens, formadores da base de apoio de Marina Silva. Questionado sobre a participação da juventude na elaboração do programa de governo PSB/Rede, ele respondeu que terá uma participação fundamental, poque são os jovens brasileiros que enfrentam os grandes problemas de saúde, mobilidade, empregos.
Sobre que experiência de seu governo em Pernambuco ele levaria para o plano nacional, o governador de Pernambuco citou o programa de segurança “pacto pela vida”, premiado pela ONU e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) por reduzir a violência por sete anos consecutivos e transformar o Recife na capital mais segura do Nordeste
Com pouco tempo de propaganda na TV e longe de poder disputar com o poderio econômico do PT, Campos está apostando tudo em uma campanha não convencional, criando um canal pessoal de interlocução com o eleitorado na internet e redes sociais.
— Se fossemos pensar em disputar recursos financeiros com o PT, nem lançaríamos candidato. Essa campanha vai ser diferente de todas e o grande peso virar da internet e redes sociais — diz o secretário geral do PSB, Carlos Siqueira.
O ex-aliado de Lula e Dilma também atribuiu ao baixo crescimento e má gestão do atual governo a culpa pelo “pibinho”. Perguntado sobre qual a relação do atual governo com o “pibinho brasileiro" e o que faria se fosse eleito para melhorar a economia, Campos foi direto:
"A relação do governo federal com o pibinho é toda. O fato é que o Brasil vem crescendo menos que no governo Lula, menos que a América Latina e que o Mundo. Se esse baixo crescimento não for revertido, as conquistas sociais serão jogadas fora", disse.
"O que significa ter Marina ao seu lado?", quis saber um internauta. “É uma alegria e ao mesmo tempo a confiança de que juntos poderemos fazer muito pelo Brasil", respondeu.
Ao responder os internautas, Eduardo Campos criticou o programa que é a menina dos olhos da presidente Dilma, o Mais Médicos. Ao invés da importação de médicos de Cuba e outros países, ele defendeu investimentos na formação de médicos aqui dentro.
"O Brasil tem que evoluir de mais médicos para mais saúde. Precisamos criar uma carreira nacional de saúde. Precisamos formar com qualidade novos médicos entre os filhos do interior do Brasil. E estruturar o atendimento de média complexidade para que quem for ao posto de saúde", disse.
Entrevistas ao mesmo tempo
Enquanto dava entrevista na porta de sua residência, em Recife, o governador aparecia simultaneamente respondendo as perguntas de internautas no Twitter. O assessor de imprensa do socialista garantiu que ele já havia respondido a maior parte das perguntas e que deu para sua assessoria digitar, e que após a conversa com os jornalistas, ele próprio assumiu o comando do computador.
No mesmo horário do bate-papo de Campos, a presidente Dilma Rousseff postou vários comentários no Twitter, sobre o leilão das linhas de transmissão da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e em solidariedade ao cinegrafista atingido por bomba nas manifestações no Rio, ontem.
Fonte: O Globo
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