Democrática, a seca atípica deste início de ano não poupou nem tucanos nem petistas, revelando a imprevidência dos dois grupos políticos que se digladiam pela Presidência da República.
A São Paulo de Geraldo Alckmin sofre com o risco de desabastecimento de água. O Brasil de Dilma Rousseff vê o custo da energia disparar e o fantasma do racionamento voltar a assombrar.
Dissabores gerados por equívocos e falta de planejamento dos dois lados, que estão rezando para que as chuvas sejam generosas e descartem a adoção de medidas impopulares no ano eleitoral.
Nada mais arriscado. Se são Pedro não ajudar, a demora em baixar medidas para evitar a falta de luz e de água, adiadas pelo medo de exploração política de adversários, vai cobrar um preço bem elevado.
Até aqui, a seca está longe de afetar os reservatórios de intenção de votos de Dilma e Alckmin, ainda no nível de favoritos. Principalmente o da petista, que se dá ao luxo de deixar aliados na maior secura.
Tudo, porém, tem seus limites. Tanto que Dilma foi obrigada a abrir espaço em sua agenda, em pleno domingão, para discutir a crise peemedebista. Algo que, no seu mundo ideal, não faria nem amarrada.
Ela segue disposta a manter na seca a turma do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, que ensaiou romper com seu governo --ameaça que não a sensibiliza.
Afinal, se o tempo da natureza não joga hoje a seu favor, o da política, sim. Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) enfrentam um período de estiagem de votos.
O risco é a petista esticar demais a corda e perder o tempo de TV do PMDB no horário eleitoral, irrigando o canteiro dos adversários.
Sem falar que a seca, que foi embora, volta no meio do ano. A depender de sua intensidade, as agruras de hoje podem ser maiores perto da eleição. Aí sairá muito mais caro matar a sede dos aliados.
Fonte: Folha Online
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