• Ex-governador do PSB lança outro ex-secretário, e senador do PTB aposta em apoio de Dilma e Lula
Isadora Peron - O Estado de S. Paulo
RECIFE - Ao votarem em outubro, os pernambucanos vão escolher um novo governador e, ao mesmo tempo, chancelar ou não a decisão de Eduardo Campos de deixar o Palácio do Campo das Princesas após 7 anos e 3 meses para disputar a Presidência da República pelo PSB. Para tanto, o neto de Miguel Arraes rompeu uma histórica aliança com o PT e tirou seu partido do governo Dilma Rousseff em setembro. Para a legenda do também pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva, vencer o antigo aliado na disputa estadual tornou-se uma questão prioritária.
Os petistas de Pernambuco, no entanto, estão enfraquecidos desde o tenso processo de escolha do candidato a prefeito do Recife. O senador Humberto Costa (PT) foi para o sacrifício e acabou derrotado no primeiro turno para Geraldo Julio, um ex-secretário estadual de Campos estreante nas urnas.
A tática deu tão certo que o PSB vai repetir a fórmula, dessa vez com o ex-secretário da Fazenda Paulo Câmara, um quadro técnico também novato em disputas eleitorais. Como em 2012, Campos aposta na sua popularidade - ele deixou o governo com 76% de aprovação - para cacifar o afilhado e manter seu grupo político no poder local.
Interessado na derrota do PSB, o PT abriu mão de lançar um nome próprio e passou a apoiar a candidatura do senador do PTB Armando Monteiro. Na quarta-feira, em Brasília, a legenda defendeu a reeleição de Dilma, que retribuiu ao afirmar que considera "fundamental a eleição do Armando Monteiro em Pernambuco". "Ele pode contar, e ele sabe disso, com todos nós", afirmou a presidente.
"Todos nós" não foi modo de dizer. Lula vai ajudar pessoalmente o pré-candidato do PTB e já marcou uma primeira ida a Pernambuco para meados de junho. Dilma também deve participar do ato político em apoio a Monteiro.
Em estratégia semelhante, o PSB pernambucano vai colar a imagem de Câmara à de Campos, já que hoje ele aparece atrás de Monteiro nas pesquisas de intenção de voto. "Eu ainda sou muito desconhecido. Tem muita gente que não sabe que eu sou o candidato do Eduardo", reconhece o ex-secretário.
Para contornar a ausência física de Campos, que estará viajando o Brasil para divulgar a sua candidatura ao Planalto, o apoio do ex-governador será intensivamente divulgado nos materiais de campanha e no horário eleitoral de rádio e TV. A partir de julho, Campos deve começar participar de agendas ao lado do afilhado no Estado.
Parceria. A campanha de Monteiro vai apostar na continuidade da parceria com o governo federal para conquistar o voto do eleitor. "Os pernambucanos sabem que o crescimento que o Estado experimentou nos últimos anos se deu em grande medida pela parceria com o governo federal. Vários projetos importantes foram viabilizados dessa maneira", observa o pré-candidato do PTB.
A estratégia já foi colocada em prática nas inserções da sigla veiculadas no rádio e na TV este mês. Algumas peças terminavam com o slogan: "PTB, firme na parceria com Lula e Dilma".
Câmara, por sua vez, já sabe como responder a esse raciocínio. Apesar de reconhecer a importância dos investimentos do governo federal, ele afirma que os avanços só aconteceram porque Campos era um gestor eficiente. "Outros Estados também receberam tantos recursos quanto Pernambuco, mas não avançaram tanto."
Monteiro não pretende fazer críticas diretas a Campos - o PTB fez parte do governo até outubro. Integrantes da equipe do senador dizem que a candidatura do petebista não será "anti-Campos", mas "pós-Campos". "Há um sentimento de que nós aceleramos o passo, mas que em algumas áreas ainda temos muitas carências", pondera.
O discurso de Câmara adota tom parecido. "Pernambuco ainda é um Estado pobre. Nos últimos sete anos nós tivemos um desenvolvimento gigantesco em todas as áreas, mas ainda tem muita coisa a ser feita. A educação, a saúde e a segurança precisam melhorar."
Outros candidatos. Como contraponto aos dois principais concorrentes, o pré-candidato do PSOL Zé Gomes Neto tem dito que ele será o único candidato de oposição ao governo Campos. Há ainda a possibilidade de o PSDB sair da aliança com o PSB em retaliação ao fato de a sigla ter decidido lançar candidato próprio em Minas, Estado do presidenciável tucano, Aécio Neves. Caso isso aconteça, o deputado estadual Daniel Coelho será o nome indicado para a disputa pernambucana.
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