• SP é caso mais grave de impasse, motivado por exigências da Rede
• Partido terá candidato próprio em 11 estados. Em outros três (Paraíba, Rondônia e Amapá) ainda não há garantia de apoio da Rede
Sergio Roxo – O Globo
SÃO PAULO - A pouco mais de um mês do prazo final para as convenções, o PSB ainda precisa definir a situação dos palanques de Eduardo Campos em seis estados. São Paulo é o caso mais preocupante e delicado para a cúpula da pré-candidatura a presidente. Há no estado um impasse entre os integrantes do partido e da Rede, a sigla que Marina Silva tentou criar no ano passado e que foi rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As duas legendas chegaram a acordo em 12 das unidades da Federação, sendo que em quatro vão apoiar candidatos de outras siglas: José Ivo Sartori (PMDB) no Rio Grande do Sul, Pedro Taques (PDT) no Mato Grosso, Flávio Dino (PCdoB) no Maranhão e Miro Teixeira (PROS) no Rio.
O PSB terá candidato próprio em 11 estados, mas em três deles (Paraíba, Rondônia e Amapá) ainda não há garantia de apoio da Rede. Há locais em que as siglas já definiram que estarão separadas, como o Paraná, em que o PSB apoiará a reeleição de Beto Richa (PSDB), e a Rede deve ficar com o PV.
Além de São Paulo, também há indefinições em Santa Catarina, Sergipe, Rio Grande do Norte, Rondônia e Tocantins. Mas o estado de maior eleitorado do país é o que mais preocupa, pela importância estratégica na eleição nacional.
Originalmente, o PSB defendia a manutenção da aliança com o PSDB e o apoio à reeleição do governador Geraldo Alckmin. Para aceitar ser vice na disputa presidencial, Marina exigiu uma chapa própria na eleição paulista. O PSB aceitou e indicou o nome do presidente da legenda no estado, Márcio França. Mas os integrantes da Rede vetaram o seu nome com o argumento de que ele não é identificado com a renovação na política, e indicaram o ambientalista João Paulo Capobianco e o coordenador da sigla de Marina no estado, Célio Turino, o que gerou mal-estar.
Crescimento nas pesquisas
A chance de o PSB apoiar Alckmin voltou a ganhar força. Nesse cenário, os integrantes da Rede optariam por um outro candidato na eleição paulista.
Campos foi o pré-candidato com maior crescimento proporcional na pesquisa Ibope divulgada na última quinta-feira: 83%. O comando da campanha do PSB crê que o aumento de 6% para 11% no levantamento prova ser viável uma terceira via na disputa presidencial deste ano.
O cientista político Marco Antonio Teixeira, professor da FGV, entende que Campos tem conseguido, como planejado, se viabilizar entre os eleitores descontentes com o governo da presidente Dilma Rousseff, que no passado se identificavam com o PT.
— Ele cresceu em cidades pequenas num extrato de eleitores muito parecido com o da Dilma. Tem conseguido se aproximar desse perfil de eleitor simpatizante do PT — afirmou o professor.
Teixeira lembra que o crescimento pode ser atribuído ao anúncio de Marina de que será vice na chapa do pré-candidato do PSB. Além disso, Campos, desde que deixou o governo de Pernambuco no começo de abril, começou a percorrer o país, justamente para se tornar conhecido. Nas visitas, além de encontros com políticos, sempre constam na agenda entrevistas a emissoras de rádio e televisão locais.
— Campos tem peregrinado bastante. A pesquisa Ibope mostra que ele é viável. À medida que a campanha começar a chegar nas regiões mais remotas do país, a tendência é ele crescer.
Segundo o professor da FGV, o dado importante para confirmar esse raciocínio é o que mostra uma queda da rejeição de Campos de 21% para 13%:
— A rejeição dele é relacionada ao desconhecimento.
Já o cientista político Alberto Almeida, autor do livro “A cabeça do eleitor”, diz que é preciso lembrar que os candidatos de oposição ainda não foram atacados na disputa.
— Ele cresceu no embalo desse sentimento de oposição — afirma Almeida, que vê pouca chance de o pré-candidato do PSB desbancar Aécio Neves (PSDB) como adversário de Dilma no 2º turno.
O comando da campanha relaciona o crescimento ao conhecimento que o eleitor passou a ter de Campos. Também considera que há um cansaço da polarização PT x PSDB e que a maior parte do eleitorado busca uma 3ª via. O crescimento mais acentuado, porém, só deve ocorrer com o início do horário eleitoral, em agosto.
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