segunda-feira, 9 de junho de 2014

Financial Times avalia peso eleitoral da Copa no Brasil

Fernando Nakagawa - Agência Estado

Editorial do jornal britânico Financial Times (FT) defende que o triunfo da seleção brasileira na Copa do Mundo poderá colocar "controvérsias para descansar" no Brasil. Se a equipe perder, ao contrário, o drama poderá ir para fora dos campos e chegar até as eleições presidenciais. Em tom menos crítico que o visto em editoriais recentes, o jornal reconhece que os 12 estádios "provavelmente" estarão prontos "ainda que no último minuto" e reconhece que "seja quais forem as deficiências" do País, a democracia do Brasil é algo a ser comemorado.

"Embora não exista uma correlação entre o desempenho do Brasil em Copas e os últimos resultados das eleições subsequentes, desta vez pode ser diferente", diz o principal editorial do FT desta segunda-feira. Após citar problemas na organização do torneio e acusações contra a direção da Fifa, o jornal econômico diz que o "maior drama fora do campo será do próprio Brasil, especialmente tendo em conta as eleições presidenciais em outubro".

"No ano passado, mais de um milhão de pessoas foram às ruas em protestos contra os serviços públicos de má qualidade. A economia está desacelerando. O índice de aprovação de Dilma Rousseff, embora ainda bem à frente dos adversários, está cedendo. O Brasil pode se sentir atolado em mal-estar", diz o editorial.

Já se o Brasil for hexacampeão mundial, o FT diz que o torneio poderia "levantar o sentimento nacional - porém momentaneamente". "Um derrota poderia cristalizar e aprofundar a desconfiança popular", completa o texto. "Por muitas razões, o País, portanto, precisa emergir de um torneio considerado um sucesso ou, pelo menos, bom o suficiente, especialmente porque quase metade do planeta vai acompanhar os jogos. Dada a hospitalidade e o otimismo naturais dos brasileiros, o mais provável é que sim", aposta o editorial.

Em meio aos protestos populares e críticas à organização, o FT reconhece que os estádios "provavelmente estarão prontos a tempo, ainda que no último minuto". Ao comentar atrasos nas obras, o editorial lembrou da frase de Dilma Rousseff em recente conversa com jornalistas estrangeiros.

"Como a presidente comentou, os atrasos, que não são como na China, são parte do custo de o Brasil ser uma democracia, com uma imprensa livre e o direito de dissidência. Sejam quais forem as deficiências do Brasil, essas qualidades são dignas de comemoração em um torneio que acontecerá uma semana depois do 25º aniversário da repressão contra os protestos na Praça da Paz Celestial". "Que deixem a disputa começar."

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