segunda-feira, 9 de junho de 2014

Base dividida em 10 estados e no DF

• Candidatos a governador por partidos aliados a Dilma Rousseff já definiram ou estão inclinados a dar palanque para Aécio Neves ou Eduardo Campos. Planalto ainda tenta mudar o quadro em ao menos três locais

Paulo de Tarso Lyra – Correio Braziliense

A quatro meses das eleições, a extensa base aliada da presidente Dilma Rousseff deve entrar rachada em pelo menos 10 estados e no Distrito Federal. Embora nas convenções nacionais as direções das legendas acreditem que os candidatos estaduais apoiarão a aliança como PT para o Planalto, Dilma terá dificuldade em escolher quais palanques frequentará. Em outros, como no caso de Ana Amélia (PP-RS) e, possivelmente, Rebeca Garcia (PP-AM), quem terá vaga é o tucano Aécio Neves. Em Mato Grosso do Sul, o apoio do peemedebista Nelson Trad Filho foi dado a Eduardo Campos (PSB).

Como não há verticalização nestas eleições, os candidatos aos governos estaduais poderão dar o apoio aos presidenciáveis que desejarem, desde que os partidos estejam coligados no plano local. Ana Amélia, por exemplo, poderá colocar a imagem de Aécio nas propagandas eleitorais, já que o PSDB gaúcho apoia a petista para o governo do estado. No Amazonas, a situação é semelhante. Líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM) costurou o apoio do Planalto à sua candidatura. "A Rebeca está em busca do apoio do prefeito de Manaus, Arthur Wgüio. Se conseguir, não tem como impedi-la de apoiar Aécio", admitiu o presidente do PR senador Oro Nogueira (PR).

Dos partidos da base, o que apresenta situação mais adversa ao Planalto é justamente aquele que deve anunciar o primeiro apoio oficial amanhã: o PMDB. A legenda tem 18 candidatos a governador. Desses, 12 garantiram ao comando partidário que apoiarão Dilma. O problema é que, em estados estratégicos, como o Rio de Janeiro e o Ceará, o cenário não é auspicioso. Eunício Oliveira lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo cearense, mas pode fazer uma aliança com o PSDB e encaixar na chapa o tucano Tasso Jereissatti ao Senado. "Estou tranquilo, não tenho cargos nesse governo", desconversou o peemedebista, que ainda sonha com uma aliança envolvendo o PROS e o PT locais.

No Rio, Aécio conseguiu o apoio informal do presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, que defendeu a formação de uma chapa Aezão (fusão de Aécio Neves e Luiz Fernando Pezão, pré-candidato do PMDB ao governo fluminense). "São muitos partidos aliados com candidatos próprios no Rio. Além do Pezão, temos o Lindbergh Farias (PT), o Garotinho (Anthony Garotinho, do PR), o Marcelo Crivella (PRB). Eu penso que o melhor seria ela montar um palanque próprio e os candidatos passarem porlá", sugeriu o vice-presidente Michel Temer.

Segundo turno
As realidades locais também podem complicar uma composição futura. Temer costurou a candidatura de Paulo Skaff ao governo de São Paulo. Mas o empresário segue em segundo nas pesquisas de intenção de voto, e os petistas, que votarão em Alexandre Padilha, começam a questionar o uso da máquina da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) por Skaff—ele preside a entidade. Em Goiás, nas eleições recentes, PT e PMDB marcharam juntos. Mas a tentativa do Planalto e do ex-presidente Tnla de emplacar, sem sucesso, a candidatura de José Batista Júnior (O Júnior da Friboi) azedou as relações. O PMDB goiano sequer confirmou presença na convenção nacional de amanhã

Os partidos ficam em uma situação delicada porque uma chapa forte para o governo forte puxa votações expressivas para deputado federal e estadual. "Não sei qual foi a mágica que o PMDB fez no Sul, mas a candidatura de Germano Riggoto era mais forte do que a de Ivo Sartori para o governo estadual. Acho que perdemos uma oportunidade de derrotar o PT", lamentou um integrante da cúpula peemedebista. Ivo prometeu que na convenção deverá votar pela aliança com Dilma, mas dará palanque no estado ao socialista Eduardo Campos.

O PTB só terá um candidato a governador. O senador Armando Monteiro concorrerá ao govemo de Pernambuco com as bênçãos do Palácio do Planalto e do PT pernambucano. É uma tentativa do comando de campanha petista para dar um palanque forte para Dilma Rousseff no estado que foi governado por Eduardo Campos durante oito anos e é um feudo do PSB. Dilma tem como trunfo o carisma e o prestígio de Lula em Pernambuco. Mas a construção de um palanque sólido sempre ajuda "Não é o Armando que é Dilma. A Dilma é que é Armando", brincou o presidente nacional do PTB, Benito Gama.

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