• Encontros de apoio a Aécio e Pezão são resposta à renovação da aliança nacional PMDB-PT
Cassio Bruno e Marcelo Remígio – O Globo
RIO — Após a derrota na convenção nacional do PMDB que decidiu pela continuação da aliança nacional com o PT para as eleições presidenciais, peemedebistas fluminenses dissidentes resolveram contra-atacar. O movimento “Aezão”, criado pelo presidente regional da legenda, Jorge Picciani, prepara três grandes eventos no estado para reunir o senador Aécio Neves, pré-candidato à presidência pelo PSDB, e o governador Luiz Fernando Pezão, que tentará a reeleição pelo PMDB.
Os encontros serão realizados na Zona Oeste, em outra região da capital e na Baixada Fluminense, importantes colégios eleitorais, mas ainda não têm data para ocorrer. A cúpula do PMDB no Rio estuda a possibilidade de promover os eventos entre a segunda quinzena deste mês e o início oficial da campanha, em 6 de julho. A expectativa é que cada um deles reúna pelo menos cinco mil pessoas. Durante a campanha, serão realizados encontros públicos mensais do “Aezão”.
A reação do grupo “Aezão”, que tem o apoio oficial do PSDB, PSD, PP, PSL, PEN, PMN, PTC e Solidariedade, já estava sendo articulada antes do resultado da convenção da última terça-feira. Nos bastidores, os peemedebistas do Rio sabiam que as chances de o partido abraçar a campanha de Aécio em todo o país era praticamente impossível. Após o resultado que ratificou a aliança com os petistas, a Executiva Nacional do PMDB ameaçou os diretórios dissidentes, incluindo o do Rio de Janeiro, de redução dos repasses provenientes dos fundos partidários, além de cortar a ajuda para o financiamento de campanhas.
Integrantes do movimento “Aezão” minimizaram as ameaças da Executiva Nacional e deixaram claro que, como reação, vão obstruir votações na Câmara dos Deputados, com pedidos de verificação de quórum e votação nominal. O movimento controla quase que na totalidade a bancada peemedebista fluminense na Casa.
Presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Paulo Melo (PMDB) afirmou que permanece fiel à aliança com Dilma. No entanto, disse que os dissidentes não serão impedidos pelo partido de trabalhar para outros candidatos à Presidência da República. Ele culpou, novamente, o PT fluminense de ter provocado o racha no estado. Segundo Paulo Melo, ex-integrante petistas do governo Sérgio Cabral têm criticado a administração peemedebista, ao mesmo tempo que “esquecem do legado deixado pela gestão e que participaram do governo”.
— O PT no Rio abre brechas para que movimentos como o “Aezão” aconteçam e que outros grupos políticos, até então aliados do partido, também deixem de apoiar as candidaturas petistas — disse.
Publicamente, o governador Pezão, o ex-governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes apoiam a reeleição de Dilma. No entanto, o trio não tem feito qualquer esforço para conter os rebeldes do PMDB que vão pedir votos para Aécio.
— O PT já conseguiu o que queria: o tempo de propaganda partidária na TV e no rádio para (a presidente) Dilma (Rousseff, pré-candidata à reeleição). Agora, é rua. Vamos pôr o nosso batalhão nas ruas — afirmou um deputado do PMDB integrante do “Aezão”.
PSDB na chapa ainda é dúvida
Neste momento, a esperança do movimento “Aezão” é pelo anúncio de um apoio formal do PSDB ao PMDB no estado, já que dificilmente os tucanos irão compor a aliança com o ex-prefeito Cesar Maia, pré-candidato ao governo do estado pelo DEM. Assim, os peemedebistas poderão confeccionar propagandas, incluindo placas, cartazes e panfletos com os nomes e fotos de Aécio e Pezão.
— O Pezão não terá escolha. Vai ter de subir no palanque montado pelo grupo “Aezão”. Vamos trabalhar para isso. Ele não está bem nas pesquisas. Não pode ficar escolhendo os aliados - ressaltou o mesmo parlamentar peemedebista.
No primeiro evento público do “Aezão”, realizado em um restaurante na Barra da Tijuca, na semana passada, Pezão, Cabral e Paes não compareceram. Na convenção nacional do PMDB, em Brasília, porém, o governador, assim como Paulo Melo, culpou o PT-RJ pelo surgimento do “Aezão”.
— Desde o momento que o PT rompeu com a gente, permitiu esses movimentos — disse Pezão.
No Rio, o PT lançou a pré-candidatura ao governo do senador Lindbergh Farias com o aval do ex-presidente Lula. Os peemedebistas fluminenses ficaram revoltados porque queriam que os petistas apoiassem Pezão. Na convenção do PMDB, o discurso mais duro foi de Eduardo Paes, que fez ameaças:
— Viemos manifestar o apoio a essa aliança. O Partido dos Trabalhadores, em nível regional, não tem essa compreensão, não são patriotas e não percebem a importância da reedição dessa aliança. Precisamos exigir essa compreensão do PT. Ainda há tempo para conduzir essa campanha pacificada, sem qualquer tipo de conflito e desentendimento. Se qualquer acusação for feita ao governo Cabral e Pezão, será devolvida na mesma moeda.
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