• Para pré-candidato do PSB à Presidência, proposta de Dilma tem finalidade eleitoral
Daiene Cardoso - Agência Estado
BRASÍLIA - O pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, disse na manhã desta quinta-feira, 12, estranhar a edição de um decreto presidencial criando os conselhos populares, após 12 anos de governo petista. Após encontro com dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Campos disse achar natural que a sociedade não acredite na participação popular proposta pelo decreto da presidente Dilma Rousseff, uma vez que a atual gestão não dialoga com a sociedade.
"Não é estranho que a quatro meses da eleição saia um decreto tentando passar a ideia de que vai ter a participação da sociedade, num governo que tem pouca aptidão ao diálogo?", questionou o candidato.
Divulgado no dia 26 de maio, o texto regula, em 22 artigos, a relação do governo com os movimentos sociais, institucionalizados ou não. Cria conselhos, comitês, fóruns e auditorias e encarrega a Secretaria-Geral da Presidência de coordená-los. Os integrantes não serão remunerados e o governo não será obrigado a atender as sugestões dos conselhos ao adotar novas políticas públicas.
Aos jornalistas, Campos disse que o seu partido ainda está fazendo um debate interno sobre o assunto, mas que considera curioso o governo criar novos conselhos, quando a atual política é da desconstrução desses grupos de participação popular.
"Na verdade, 12 anos é um prazo bastante longo para a gente ver que tem que aperfeiçoar a participação da sociedade, sobretudo num governo que desmonta os conselhos", disse Campos, mencionando como exemplo o Conselho Nacional de Política Energética. "Veja quantas vezes ele se reuniu", emendou.
De acordo com Campos, falta coerência entre a palavra, a atitude e os gestos da presidente Dilma Rousseff. "Essa palavra e esse decreto não têm nada a ver com o que o governo pratica no dia a dia. É um governo fechado, que não tem as portas abertas para o diálogo", comentou.
Segundo Campos, no encontro de aproximadamente uma hora com os dirigentes da CNBB, a conversa se baseou em temas sociais como saúde, saneamento básico, reforma agrária, a questão indígena e a reforma política. "Há uma grande preocupação (da CNBB) com a melhora do padrão político no Brasil", afirmou. Segundo o pré-candidato, o tema aborto não entrou na pauta das discussões.
"O Brasil mudou de 2010 para cá e mudou para pior", disse o candidato, destacando os problemas econômicos como a volta da inflação, a crise do setor energético como os principais pontos de piora no cenário brasileiro. "Essa eleição é o debate de um final de um ciclo", resumiu.
Questionado sobre o palanque eleitoral de São Paulo, Campos disse que o apoio do PSB no Estado ainda está sendo discutido e que prefere aguardar a convenção marcada para o dia 21 de junho. O pré-candidato disse que o partido manterá o apoio com o pré-candidato do PROS ao governo do Rio de Janeiro, Miro Teixeira.
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