• Acordo frustra Kassab, que negociou o posto com o tucano durante meses
• Márcio França, presidente estadual do PSB, é o mais cotado para a vice, mas Marina quer barrar a indicação
Daniela LIma, Marina Dias, Márcio Falcão - Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), decidiu que será do PSB a vaga de vice em sua chapa na disputa à reeleição. A escolha abre caminho para que o presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE), que comanda a sigla, tenha espaço no palanque do tucano no maior colégio eleitoral do país.
O acordo foi firmado nesta quinta-feira (19), após diversas reuniões entre dirigentes do PSDB e do PSB. Campos acompanhou todo o processo por meio de aliados.
O PSDB de Alckmin tem candidato à Presidência, o senador Aécio Neves (MG). Embora nunca tenha manifestado publicamente preocupação com a chance de o governador fechar um acordo com Campos, é consenso entre aliados de Aécio que o arranjo pode fragilizar a campanha dele no Estado.
Apesar de trazer vantagens a Campos, por ampliar a exposição de seu nome em São Paulo, o apoio a Alckmin tensiona ainda mais a relação do presidenciável com sua vice, a ex-senadora Marina Silva.
Desde que decidiu se filiar ao PSB para concorrer na chapa de Campos, Marina defende que a sigla tenha candidatos próprios em São Paulo e Minas. Aliados da ex-senadora já disseram que ela boicotará agendas com Alckmin.
O PSB oficializará a aliança com o tucano em convenção nesta sexta-feira (20). O partido não definirá, no entanto, o nome que indicará para a vaga de vice.
O deputado Márcio França, presidente estadual da sigla e principal articulador da aliança, é o mais cotado para o posto, mas Marina quer barrar a indicação.
O desconforto em São Paulo se soma a problemas entre Campos e sua vice em outros locais. No Rio de Janeiro, o pré-candidato escolhido pela ex-senadora, Miro Teixeira, desistiu de concorrer dizendo não ter recebido apoio suficiente de Campos para encarar a empreitada.
O acerto com o PSB afasta dos tucanos o PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab.
Mesmo tendo historicamente uma relação instável com o governador, Kassab abriu diálogo para uma aliança entre os dois partidos desde que fosse ele o indicado para o posto de vice. O ex-prefeito negociou por meses com os tucanos e chegou a declarar que "não teria problema" em ser vice de Alckmin.
Aliados do governador ainda tentam convencer o ex-prefeito de que um acerto entre as três siglas (PSD, PSB e PSDB) é possível e acenam com a vaga para o Senado. O problema é que o ex-governador José Serra (PSDB) estuda concorrer a senador. Um acordo nesses termos, portanto, rifaria Serra, tornando a candidatura a deputado federal sua única opção.
O naufrágio das tratativas com Kassab em torno da vice de Alckmin fez com que o PMDB, que lançará Paulo Skaf ao Bandeirantes, e o PT, que terá Alexandre Padilha como candidato, se reaproximassem do ex-prefeito.
Na última segunda-feira (16), petistas procuraram Kassab pessoalmente e ofereceram ao PSD a vaga de vice na chapa de Padilha. No plano nacional, Kassab declarou apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Colaborou Ítalo Nogueira, do Rio
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