- Folha de S. Paulo
A campanha oficial ainda nem começou (só a partir de julho), mas a convenção nacional do PT neste sábado (21/6) ocorrerá sob a sensação de que o pior para a candidatura Dilma já passou.
A tragédia anunciada reverteu para uma boa Copa, com estádios e aeroportos funcionando e protestos sob controle. Além, claro, de todo mundo estar satisfeito com o espetáculo em si: torcidas multicoloridas e pacíficas nas arquibancadas, muitos gols e grandes surpresas nos gramados.
Confirma-se, assim, a previsão palaciana de "reversão de expectativas" favorável a Dilma: esperava-se um fiasco, tudo, então, parece magnífico.
O PT e Dilma precisam, agora, de uma outra reversão de expectativas --na política. Se a candidata continua bem à frente dos adversários, a nova pesquisa CNI-Ibope comprova que a aprovação do governo e da presidente continua em queda e que o índice de confiança nela é menor do que o de desconfiança. Isso, é óbvio, tem peso imenso em reeleições.
Os bodes expiatórios que Lula e as duas cúpulas de campanha (a lulista e a dilmista) amplificarão na convenção são o "ódio ao PT", a "elite branca", a "direita perversa" e sobretudo a "mídia". Como se PT, governo e Dilma fizessem tudo certo...
Mas, nas reuniões a portas fechadas, em especial sem ouvidos e vozes dilmistas, o tom é outro: as culpas recaem também sobre a economia, os erros de gestão, os descuidos políticos e a teimosia de Dilma. Mais a Petrobras e os Andrés Vargas.
O pior, porém, passou. A Copa e os xingamentos revertem a favor, o Congresso entra em recesso, saiu "pacote de bondades" para a indústria e os aliados dão o tempo de TV. Daí em diante, a tese do "ódio ao PT" serve para justificar o "ódio a todo mundo" --a quem ouse criticar o PT, o governo, Dilma e Lula-- e para o ataque pesado contra a oposição.
Ok, mas o PT e a Dilma-presidente precisam parar de atrapalhar a Dilma-candidata.
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