Raymundo Costa – Valor Econômico
BRASÍLIA - O PT não vai abrir mão de candidaturas como a do senador Lindbergh Farias ao governo do Rio a fim de ajudar o vice-presidente Michel Temer a ampliar a maioria pró-Dilma Rousseff no PMDB. "O que a gente puder ajudar nessa direção, sem prejudicar o PT, nós faremos, juntos com a presidenta", disse o presidente petista, Rui Falcão, "mas não vamos retirar a candidatura de Lindbergh de jeito nenhum".
Segundo o vice-presidente Michel Temer, a ajuda do PT seria "extremamente útil" para a recomposição do partido em torno da reeleição da presidente da República. Falcão não quis entrar em detalhes sobre as conversas que terá com o PMDB. Em tratamento fisioterápico devido a um pinçamento entre as vértebras da coluna, o presidente do PT passou os últimos dias isolado, sem acompanhar os desdobramentos da convenção do PMDB na terça-feira.
Segundo apurou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, no entanto, o PT e o comando da campanha da presidente avaliam que já fizeram as concessões necessárias para ganhar a convenção do PMDB, que assegurou a coligação e o tempo de rádio e de televisão do partido. No máximo, agora, as duas siglas podem conversar sobre um acordo de procedimentos.
Esse acordo seria especialmente necessário no Rio, a fim de evitar o agravamento dos ataques entre PT e PMDB. As queixas são mútuas. O PT não considera a hipótese de retirada da candidatura Lindbergh porque avalia que o senador pelo Rio tem tanta chance de vitória quando o governador pemedebista Luiz Fernando Pezão, além dos outros candidatos de partidos aliados competitivos.
Nas contas feitas nos comandos do PT e da campanha da presidente da República, os principais candidatos ao governo do Rio, no momento, estão todos abaixo dos 20% e acima dos 10% nas pesquisas eleitorais. Qualquer um pode ganhar. E a prioridade do PT é vencer em pelo menos um dos três maiores colégios eleitorais do país - São Paulo, Rio e Minas Gerais -, o chamado "Triângulo das Bermudas".
O PT cedeu a primazia ao PMDB nos Estados em que os eventuais candidatos do partido tinham "densidade eleitoral baixa", como Paraíba, Alagoas, Sergipe, Pará, Amazonas, Maranhão e Espírito Santos, entre outros. Segundo fontes da campanha da presidente, ainda há chances de entendimento em Rondônia e Tocantins.
No Ceará, outro caso citado por Temer, o apoio à candidatura do senador pemedebista Eunício Oliveira passa necessariamente - exigência de Dilma - por um entendimento com o governador Cid Gomes (Pros). Cid e Ciro, seu irmão, foram importantes para a presidente rachar o PSB de Eduardo Campos no Nordeste e no esforço para manter o Pros nacional na órbita governista.
O PT também se ofereceu para apoiar o ex-governador Iris Rezende em Goiás, mas os pemedebistas lançaram a candidatura do empresário Júnior Friboi. Depois voltaram atrás, mas então o PT já estava com uma candidatura própria na rua.
O PT, segundo seus dirigentes, se dispunha a apoiar um nome do PMDB para o governo do Estado de Santa Catarina, se o partido lançasse candidato próprio, o que não foi o caso. "O que estava ao nosso alcance nós fizemos", disse um integrante do comando da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. "Mais ajuda do que nós já demos é impossível", disse a mesma fonte.
No Espírito Santo, onde já está acertado o apoio do PT à candidatura do ex-governador Paulo Hartung, pelo PMDB, mas a situação pode mudar se o pemedebista rever a decisão de disputar novamente o governo estadual.
A cúpula do PT e o comando da campanha da presidente avaliam "de maneira pragmática" que não há volta para as seções do PMDB ou parte delas que já declararam apoio a outras candidaturas presidenciais, casos do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. Em São Paulo, onde os dois partidos disputam a cadeira de Geraldo Alckmin (PSDB), PT e PMDB mantêm abertos os canais de comunicação. Pelo menos até agora.
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