Guilherme Serodio e Renata Batista – Valor Econômico
RIO - Os pré-candidatos ao governo fluminense têm mais rejeição do que intenção de voto. É o que indica pesquisa do Ibope, divulgada ontem, contratada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).
O único que tem mais voto do que rejeição é o senador Marcelo Crivella (PRB), que aparece em segundo lugar na pesquisa, com 16% das intenções de voto e 13% de rejeição. O deputado Federal Anthony Garotinho (PR) lidera a votação, com 18% dos votos, mas também a rejeição, com 32%. Candidato polêmico, envolvido em denúncias de corrupção, Garotinho que foi governador, tem forte presença entre os evangélicos e no interior, mas sofre forte resistência na capital.
A pesquisa também mostrou o atual governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) com 13% das intenções de votos, ultrapassando o candidato do PT, o senador Lindbergh Farias, com 11%. Pezão, porém, tem mais rejeição (18%) do que Lindbergh (14%). Em quarto lugar com 8% das intenções de voto, o ex-prefeito César Maia (DEM) é vice na rejeição. 24% dos entrevistados declaram que não votariam nele. Maia foi mal avaliado na última gestão frente à prefeitura da Capital. Tentou o Senado, em 2010, mas ficou em quarto lugar na disputa.
O cientista político Paulo Baía, da Pontifícia Universidade Católica (PUC - Rio), atribuiu o índice menor de rejeição dos senadores Lindbergh e Crivella ao fato de ambos não terem exercido um cargo no executivo.
"A eleição no Rio é decidida na região metropolitana e, nesse contexto, a cidade do Rio tem um peso muito grande na formação de opinião. Garotinho, César Maia e Pezão são muito conhecidos. Já Lindbergh e Crivella ainda não foram testados na cidade do Rio como gestores", diz. Lindbergh foi prefeito de Nova Iguaçu (entre 2005 e 2010) mas não foi testado na capital.
Os bancos e nulos na pesquisa somam 27% e 57% dos entrevistados declaram pouco ou nenhum interesse nas eleições de outubro. O analista Fábio Gomes, da empresa Informa, para quem a tendência de mais votos brancos e nulos não é uma especificidade fluminense. "Fizemos uma pesquisa recente em São Paulo e a situação é a mesma", afirma.
O governador Sergio Cabral renunciou em abril e Pezão, que era o vice-governador, assumiu perseguindo a estratégia de tornar-se mais conhecido pelo eleitorado, mas Baía lembra que Pezão tem tradição na política. Foi secretário de governo de Rosinha Garotinho, entre 2005 e 2006. "Ele tem uma trajetória de proximidade ao poder de 16 anos", lembra Baía.
Os analistas apontam indicações positivas para Pezão. Ele ultrapassou Lindbergh nas pesquisas. É menos conhecido do eleitor mas pode se respaldar no desempenho do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). Apesar das manifestações públicas contra Cabral quando ainda era governador, ele lidera as intenções de voto para o senado com 26%. "Nessa campanha, quem chegar a 20% estará no segundo turno. O Pezão ganha se colar em Cabral", diz Gomes.
Caso Pezão chegue ao segundo turno com Garotinho, a rejeição a este último e tão grande que o atual governador tem chances de vencer a eleição, avalia o cientista político, Ricardo Ismael.
" A novidade da pesquisa é o crescimento da candidatura do Pezão. Ele chegou a dois dígitos graças a intensa propaganda. Para ele, a questão é chegar no segundo turno, de preferência com o Garotinho", completa o cientista político da PUC.
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