• Sem citar o nome de Marina, presidente faz referências a comportamento da adversária
Simone Iglesias, Luiza Damé e Fernanda Krakovics – O Globo
BRASÍLIA - Em duas atividades de campanha durante o dia de ontem, a presidente Dilma Rousseff atacou indiretamente a candidata Marina Silva (PSB), que ocupa o segundo lugar nas pesquisas. Em sua propaganda no rádio, Dilma alertou para "a incerteza de uma aventura", e em ato na Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), citou posições de "extremismo absoluto" que dificultaram a aprovação do Código Florestal.
Ao defender a atuação do governo na aprovação do Código Florestal, Dilma, sem citar o nome de Marina, afirmou que optou pelo caminho do meio para solucionar impasse causado pela radicalização.
- Quero falar um pouco de Código Florestal. Estava um processo de discussão radicalizado. De um lado, falavam que todo mundo tem de reservar a mesma quantidade de terra que foi usada indevidamente do ponto de vista ambiental. É tudo igual e não tem perdão para ninguém. Do outro lado, diziam, os grandes têm que ter um certo perdão porque, senão, inviabiliza as exportações.
Estávamos nessa posição de extremismo absoluto, quando criamos uma coisa proporcional, que é a escadinha - disse a presidente, referindo-se ao sistema de compensação do Código Florestal, no qual as menores propriedades precisam recompor áreas proporcionalmente menores.
Dilma afirmou que a preservação ambiental não pode inviabilizar a vida do produtor. Segundo ela, o resultado da negociação do código foi uma legislação que preserva o meio ambiente e o pequeno produtor rural. Marina chamou de "Código Agrário" o projeto aprovado.
Em mais uma estocada em Marina, a presidente afirmou não ser possível administrar apenas com os melhores quadros, mas com os que têm afinidade e compromisso com as propostas de governo.
- Essa distinção entre bons e maus é bem complicada. Bons para mim são os que têm compromissos com a inclusão social e de renda. Pode ter pessoa boa que não tem compromisso com a população brasileira - retrucou.
Lula também critica ex-senadora
Em São José dos Campos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também fez uma crítica indireta a Marina. Em comício ao lado do candidato a governador de São Paulo, Alexandre Padilha (PT), Lula disse que é preciso desconfiar de quem defende a "não-política".
- Se alguém quiser votar em alguém que não é político, em primeiro lugar, não acredite quando o cara faz a apologia da não-política. Porque não é possível alguém governar fora da política - disse ele, completando: - Quem for eleito presidente da República vai ter de conversar com o Congresso Nacional e com os partidos políticos. Não está na hora de a gente negar a política.
A propaganda eleitoral de Dilma no rádio fez crítica velada à Marina e ao candidato do PSDB, Aécio Neves:
- O povo está com a Dilma e ela vai ganhar outra vez. Ninguém quer a incerteza de uma aventura e nem a volta ao passado - afirmou o locutor do programa.
Em reunião na noite de quarta-feira com os presidentes dos partidos da aliança à reeleição da presidente, dirigentes avaliaram que é preciso esperar ao menos mais uma semana para ver se o rápido crescimento de Marina se consolida num patamar próximo aos 30%. A expectativa dos partidos é que ela comece a cair nas pesquisas a partir da próxima semana, passada a comoção pela morte de Eduardo Campos e com a exposição de suas posições "contraditórias" e "divergentes" de parte dos eleitores que migrou para sua candidatura.
Dilma afirmou no encontro, segundo pessoas presentes, estar convencida de que Marina tirou de Aécio o apoio do mercado financeiro ao defender a autonomia do Banco Central. A petista disse, ainda de acordo com participantes da reunião, que, com isso, espera conquistar mais apoios do setor produtivo, como indústria e agronegócio, que seriam contra a independência do BC.
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