A destruição dos fundamentos da economia e a consequente perda de confiança dos setores produtivos são obras que têm a indelével assinatura do PT. Além de terem de encarar uma crise causada em grande medida pela imperícia das autoridades econômicas e da própria presidente Dilma Rousseff, os empresários do País ainda estão sendo sistematicamente demonizados na campanha da presidente à reeleição - no horário eleitoral gratuito, eles são apresentados como vilões que aniquilam o bem-estar dos pobres em nome do lucro. Mesmo assim, com o caradurismo habitual, os petistas enviaram a esses mesmos empresários uma carta em que pedem dinheiro para financiar a campanha de Dilma.
A carta contém todos os elementos da narrativa fantástica criada pelo PT para convencer a opinião pública de que os sintomas de crise são apenas fruto de uma visão "pessimista". Diz o texto, assinado pelo tesoureiro da campanha, Edinho Silva, que os 12 anos de governos petistas fortaleceram "um modelo sustentável de desenvolvimento que associou o crescimento econômico à distribuição de renda e à ampliação do crédito e do consumo".
Como bem sabe a maioria dos destinatários da tal carta, esse "modelo sustentável" não se sustenta nem na frase em que ele aparece.
Ora, como falar em "desenvolvimento que associou o crescimento econômico à distribuição de renda" sabendo que a economia brasileira vem rateando há anos e agora se encontra em plena estagnação? Como acreditar na manutenção do modelo petista diante do fato óbvio de que não há como falar em distribuição de renda se não houver renda a ser distribuída?
Além disso, a política de transferência de recursos e de valorização dos salários, que o governo petista alardeia como se fosse a redescoberta do fogo, só se tornou possível graças à estabilização da economia, a partir do Plano Real, em 1994. Os pressupostos para a manutenção dessas condições são o controle sem tréguas da inflação e a responsabilidade fiscal - elementos que os governos petistas, em especial o de Dilma, arruinaram em nome da malfadada "nova matriz econômica".
Mas a carta dos petistas aos empresários não prima pelo pudor e convida os destinatários a observar que, na era do PT no poder, se construiu "um cenário favorável para a grande maioria das empresas, com ações que se tornaram referências no enfrentamento à grave crise econômica internacional".
Os empresários certamente haverão de se perguntar de que país fala o missivista, pois o Brasil real é aquele em que metade das empresas está com ao menos uma dívida em atraso, conforme o mais recente balanço da Serasa - que não leva em conta débitos com a Receita, com a Previdência Social e com Estados e municípios.
Também não é possível dizer que há um "cenário favorável" para as empresas quando se observa que a geração de empregos na indústria - que são os de melhor qualidade - cai há quatro meses consecutivos. Indicadores para comprovar o estado lamentável da economia são o que não falta.
No entanto, não é de realidade que a carta do PT aos empresários trata. Da correspondência emana o espírito autoritário que marca o partido - pois é possível concluir, como fizeram alguns dos destinatários, que a recusa a doar dinheiro aos petistas pode gerar represálias do governo no futuro. Essa ameaça fica bem menos implícita quando o missivista deixa claro, logo de saída, que fala "em nome da presidente Dilma Rousseff".
Uma carta de teor semelhante foi enviada aos empresários em 2010, na primeira campanha de Dilma. Naquela ocasião, como agora, a mensagem invocava uma certa "cidadania corporativa" para convencer os empresários a colaborar.
A expressão faz jus ao peculiar léxico dilmês, pois junta bananas e abacaxis no mesmo cesto discursivo, mas seu objetivo é claro: qualificar a doação ao PT como uma forma de exercício de "cidadania". Logo, negar-se a colaborar com o partido seria a prova de que os empresários recalcitrantes só pensam em si mesmos - exatamente como aparecem na propaganda do PT.
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