• Porcentual e data do aumento do preço do combustível não ficaram definidos na reunião do conselho desta terça-feira; novo encontro foi marcado para o próximo dia 14
Mônica Ciarelli, Antonio Pita e Fernanda Nunes - O Estado de S. Paulo
O governo decidiu liberar a Petrobrás para reajustar o preço dos combustíveis. Mas a definição do porcentual e da data do aumento não foi acertada na reunião desta terça-feira do conselho de administração da estatal - que durou mais de nove horas. Um novo encontro foi marcado para o dia 14, quando, além do reajuste, é também esperada a divulgação do balanço financeiro da empresa no terceiro trimestre.
“Reajuste de combustível não se anuncia, pratica-se”, disse a presidente da Petrobrás, Graça Foster, ao deixar a reunião. No início da noite, a estatal soltou um comunicado reiterando que, até o momento, não havia definição sobre o tema.
O último aumento nos preços dos combustíveis dado pela Petrobrás entrou em vigor no dia 30 de novembro de 2013, quando a gasolina foi reajustada em 4% e o óleo diesel em 8%.
A reunião desta terça-feira ocorreu em Brasília, onde Graça Foster voltou a fazer uma longa apresentação sobre o cenário da companhia e a necessidade de a empresa de elevar seus preços para recompor as margens de lucro. Ao longo de 2014, a estatal trabalhou a maior parte do tempo com uma defasagem de preços na casa dos 20% em relação à cotação do petróleo no mercado internacional.
O alívio veio no início de outubro, quando o valor do barril de petróleo entrou em queda livre, passando dos US$ 100 para um patamar em torno de US$ 85. Com o movimento, a diferença entre os preços no Brasil e no exterior praticamente deixou de existir, o que reduziu os custos da companhia com a importação de derivados de petróleo.
Mesmo com a recente trégua, Auro Rozembau, analista de petróleo do Bradesco, calcula que a Petrobrás tenha deixado de gerar cerca de R$ 80 bilhões em receita nos últimos três anos por causa da defasagem de preços. Além disso, a valorização do dólar em relação ao real pressiona ainda mais o endividamento da estatal, que já ultrapassa R$ 300 bilhões.
A expectativa em torno de um reajuste movimentou as ações da estatal na BM&FBovespa. Sem uma definição sobre o tema, os papéis acabaram próximos à estabilidade. A preocupação agora é com a divulgação do resultado da estatal no terceiro trimestre, que será divulgado no dia 14, data-limite para a publicação do balanço pelas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Auditoria. A demora na divulgação do resultado se deve a questionamentos feitos pela auditora PricewaterhouseCoopers (PwC). O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, adiantou no domingo que entre eles estava o pedido da auditoria para a saída do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, citado nas investigações da Operação Lava Jato.
Na sexta-feira, uma reunião do conselho de administração foi interrompida no primeiro item da pauta, quando se discutiam as denúncias de corrupção feitas pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa na Lava Jato. Diante da pressão da PwC, na segunda-feira, Machado pediu licença do cargo por 31 dias. Costa alega ter recebido das mãos do presidente licenciado da Transpetro R$ 500 mil em dinheiro vindo de esquema de corrupção na companhia.
Pesquisa. Em meio às denúncias de corrupção, rebaixamento da nota pela agência de classificação de risco Moody’s e desvalorização das ações, a Petrobrás lançou uma pesquisa entre seus acionistas para avaliar o interesse por seus papéis. O Departamento de Relações com Investidores da estatal informou que o trabalho não tem relação com os “problemas” pelos quais a companhia vem passando, mas funcionará como um termômetro da sua imagem.
Mensagem enviada pelo RI da Petrobrás aos acionistas relata que a Checon Pesquisa foi contratada para ouvir a opinião sobre os investimentos da petroleira. Diz ainda que o grupo de acionistas que participará da pesquisa será escolhido por sorteio.
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