• Senadores pregam independência, e deputados, oposição mais clara ao governo
Júnia Gama – O Globo
BRASÍLIA - As bancadas do PSB na Câmara e no Senado estão firmando posições divergentes a respeito da relação que terão com o Palácio do Planalto durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). Depois de apoiarem a candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno das eleições, a maioria dos senadores passou a defender que o partido exerça uma "oposição propositiva independente". Os deputados estão optando, por sua vez, por adotar, de forma definitiva, uma oposição mais clara, mas que não necessariamente signifique uma aliança com o PSDB.
A reunião dos integrantes do PSB ocorreu separadamente ontem, na sede do partido em Brasília. Pela manhã, os senadores se encontraram e definiram a postura de independência. À tarde, foi a vez dos deputados que, por 15 votos a 8, preferiram partir para a oposição. A decisão formal só deverá ser anunciada, no entanto, na Executiva, que está prevista para acontecer em duas semanas.
Senadores defendem que o PSB pratique uma oposição "responsável", votando com o governo quando se tratar de temas de interesse nacional, analisando caso a caso. Nos bastidores, governadores do PSB pretendem aparar arestas com Dilma para evitar que uma má relação com o governo federal comprometa as administrações estaduais.
- Nossa posição é de independência - disse o senador Rodrigo Rollemberg, governador eleito do Distrito Federal. - Não vamos apoiar o governo, mas também não vamos estar aliados ao PSDB. Nossa posição é de independência. Mas, a posição oficial só vai sair depois da reunião da Executiva.
De tarde, o tom foi de embate em relação ao governo do PT. O líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), disse que o partido adotará uma postura de "oposição de terceira via" a partir de 2015. Candidato a vice na chapa de Marina Silva, ele disse que o partido retomará o comportamento que teve antes das eleições, ou seja, de oposição na Câmara.
- A oposição que temos retomará à condição de oposição da terceira via, ou seja, não vamos aderir à oposição tradicional - disse, defendendo que o momento é de retomar o comportamento original da legenda.
Delgado contra Cunha
Beto Albuquerque afirmou ainda que o PSB vai trabalhar para lançar o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) para presidente da Câmara e ainda tentar negociar a formação de um bloco parlamentar na Casa ao lado do PPS e do PV. Sobre uma fusão com o PPS, ele disse que o assunto está "sobrestado" (suspenso).
O lançamento de Delgado para a presidência da Câmara seria uma forma de enfrentar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, possivelmente, um nome do PT. Delgado, que se lançou na disputa anterior, não alcançou votos suficientes para ocupar o cargo. Mas, segundo os socialistas, é um nome forte. Não há empecilhos para que o partido tenha candidato próprio na disputa, já que a sigla não pretende se aliar nem ao governo nem à oposição mais tradicional.
Sem confirmar se será mesmo candidato, Delgado defendeu uma postura de oposição e disse que conversará com os demais partidos da oposição.
- A decisão vai ser do partido, mas não vejo impedimento se o Senado tiver uma posição, e a Câmara, outra. E não necessariamente significa uma aliança com a oposição tradicional. Eles vão fazer a oposição deles - disse Júlio Delgado.
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