• Se concretizado, o bloco contará com 67 parlamentares, se tornando a segunda força da Câmara. Iniciativa dá continuidade a aproximação construída na eleição presidencial
- Assessoria PPS
A Executiva Nacional do PPS aprovou nesta terça-feira, durante reunião em Brasília, uma indicação para que a bancada federal do partido avance nas tratativas para a formação de um bloco parlamentar na Câmara dos Deputados com o PSB, PV e Solidariedade. O gesto representa a continuidade de um realinhamento político que começou a ser construído nas eleições presidenciais deste ano, quando PPS e PSB estiveram unidos no primeiro turno em torno de Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (PSB-REDE). Já no segundo turno, as quatro legendas rumaram com Aécio Neves (PSDB). Se o bloco se concretizar, ele contará com 67 parlamentares. No atual cenário, sem a formação de outros blocos, seria a segunda força da Casa, atrás apenas do PT, que conta com 70 deputados.
O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), destacou que essa aproximação é natural num cenário em que a oposição saiu forte das urnas e numa disputa que teve Eduardo e Marina como essenciais para garantir o segundo turno das eleições. “Exercemos papel de fundamental importância. Nossa opção por Eduardo Campos e por Marina, após o trágico acidente que matou o ex-governador de Pernambuco, foi fundamental para garantir o segundo turno”, destacou Freire, que desde o segundo turno vem conversando com lideranças do PSB e Solidariedade.
O secretário-geral do PPS, deputado estadual Davi Zaia (SP), também disse esperar que o partido trabalhe no sentido de fortalecer a frente de oposição que ganhou força com as eleições gerais de outubro passado. “Vamos formar uma frente para consolidar o bloco de oposição e organizar o PPS nas unidades da federação. Temos que nos preparar para 2016 (eleições municipais)”, defendeu Zaia.
Marina
O vice-líder do PPS na Câmara, deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA), também chamou a atenção para que o partido mantenha o diálogo com Marina Silva e trabalhe para a formação de um polo para ocupar o “vácuo deixado pelas urnas”. O deputado citou o alto índice de abstenção, segundo ele, provocado pelo descontentamento deste público com a política. Defende ainda que o partido tente buscar a atenção da juventude brasileira. Principal público alvo de Marina Silva, então candidata do PV à Presidência da República em 2010, e do PSB em 2014, o jovem, na opinião do parlamentar do PPS, caiu no “canto da sereia” da presidente Dilma Rousseff, ao término do segundo turno. Marina terminou em terceiro na disputa eleitoral.
“A campanha do PT conseguiu firmar o discurso de que é defensor dos mais humildes e o jovem excluído acabou migrando para Dilma”, analisou Jordy. Para Jordy, o apelo para mudar o Brasil alcançou quase 60% dos votos no primeiro turno e a vitória de Dilma, no segundo turno, foi apertada. Segundo o deputado do PPS, o principal fluxo migratório de eleitores, de uma etapa para outra do processo eleitoral, constitui-se de jovens.
Também vice-líder do partido, o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) disse ser radicalmente a favor da aproximação com o PSB. “Creio que devemos fazer o bloco e declarar nossa intenção de buscar essa aproximação”, afirmou, chamando a atenção para um fato importante que vai voltar a ganhar peso no seio da sociedade.
“Os ventos da mudança continuam por aí. E vão voltar (com o agravamento da crise econômica). Vivemos um momento de afirmação da oposição e no caminho da esquerda”, analisou o parlamentar.
Outro dirigente que destacou a necessidade de uma mudança do quadro político e partidário foi o prefeito de Vitória Luciano Rezende. Na avaliação dele, a realidade impõe a reaproximação de partidos. “Vamos pensar no bloco com o PSB, mas também devemos analisar outras possibilidades até mesmo dentro da reforma política”, destacou.
Já a deputada federal eleita Carmen Zanotto (PPS-SC) disse que não há a menor dúvida de que a oposição cresceu no pleito de 2014. “Mas precisamos que trabalhar para manter e ampliar essa força. Temos que estar atentos para as mobilizações do governo, que já trabalha para dividir (os partidos que desejam formar blocos) e para criar um novo partido com o objetivo de cooptar parlamentares”, alertou.
Dirigente de Minas Gerais, Juarez Amorim frisou o papel fundamental do PPS na criação de um terceiro polo nas eleições de 2014. “Temos de continuar nossa busca pela terceira via no Brasil. Acredito que o PPS tem mais chance de identidade com PSB, PV, REDE e Solidariedade”.
Já o dirigente Sérgio Campos de Morais, do Rio Grande do Sul, afirmou que a eleição passada mostrou que a sociedade brasileira busca por uma nova alternativa política, mesmo que tenha optado por Dilma Rousseff e Aécio Neves no segundo turno. “Temos de trabalhar na construção de um bloco de centro esquerda democrático. O caminho com o PSB é natural”, destacou.
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