• Para governo, afastamento é definitivo, enquanto aliados planejam volta dele à Transpetro
Simone Iglesias – O Globo
BRASÍLIA -A licença de Sergio Machado da presidência da Transpetro por um mês, para que seja investigada a denúncia de seu envolvimento em corrupção, pôs ontem em campos opostos o Palácio do Planalto e o PMDB. Enquanto no governo o afastamento de Machado é dado como definitivo e um assunto superado, peemedebistas trataram a situação como temporária.
Em conversas reservadas, aliados de Machado no Congresso defendiam ontem que a investigação priorize as denúncias que pesam contra ele, para que Machado possa de fato voltar a ocupar o cargo ao fim dos 31 dias de licença.
Amigo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e indicado para o cargo em 2003 com o apoio da bancada de senadores do partido, o presidente licenciado da companhia passou a terça-feira telefonando para peemedebistas em busca de apoio e de garantia de que não será abandonado em meio a denúncias feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Costa afirmou à Justiça ter recebido R$ 500 mil de Machado para direcionar uma licitação para compra de navios para a Transpetro. Senadores o aconselharam a submergir durante este mês e aguardar as investigações.
Acordo é negado
No PMDB, senadores negam que tenha havido um acordo com o Planalto para que Machado saísse da presidência da empresa de forma "honrosa", por meio da licença, em vez de ter sido demitido pelo Conselho de Administração da Petrobras. Os peemedebistas afirmam que vão esperar o mês de novembro para, então, se posicionar claramente sobre o assunto.
- Essa máxima que a presidente Dilma criou de que quem foi citado na Operação Lava-Jato terá que sair do cargo só valeu para o caso de Machado e do PMDB. Ele se licenciou para se defender, não há acordo, e esperamos que ele volte. Vamos esperar estes 31 dias para ver qual será a postura do governo. Esse tempo determinará nossa posição daqui para a frente - afirmou um peemedebista da cúpula.
No governo, a avaliação é que Machado não teria condições práticas de voltar, já que a PricewaterhouseCoopers (PwC), que audita o resultado financeiro da empresa, recusou-se a validar o balanço do terceiro trimestre, alegando que Machado não poderia assinar o documento porque seu nome foi citado por Costa ao Ministério Público em delação premiada.
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