• Em almoço com peemedebista, líderes de partidos demonstraram que vão deflagrar consultas em suas bancadas
Cristiane Jungblut – O Globo
BRASÍLIA — Com a decisão de manter o governo "sob pressão", os cinco partidos que atuam em conjunto na Câmara articulam a formalização do chamado blocão e o lançamento da candidatura do líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), à Presidência da Casa. Durante almoço na residência de Eduardo Cunha, os líderes do PR, PTB, PSC e Solidariedade, além do próprio PMDB, manifestaram "simpatia" pela candidatura de Eduardo Cunha e vão deflagrar as consultas em suas bancadas. Outra decisão é ter uma atuação que deixe o Palácio do Planalto, segundo participantes, sob "pressão" constante.
A estratégia é em duas frentes: formalizar o blocão na atuação parlamentar, com 152 votos, e uma aliança em torno da candidatura de Eduardo Cunha, podendo ter o apoio de outros partidos para isso.
A intenção é isolar o PT, apesar do discurso. Na saída do encontro, Eduardo Cunha disse que os parlamentares não querem o mesmo partido no Palácio do Planalto e no comando da Câmara e do Senado.
— Não existe a vontade de ter uma hegemonia do mesmo partido, o PT, no Poder Executivo e no Poder Legislativo. Ninguém é contra ninguém. Mas aliado não significa que vamos concordar com tudo. Jamais seremos (totalmente convergentes) — disse Eduardo Cunha, na saída do almoço.
Eduardo Cunha disse que está construindo sua candidatura dentro da Casa.
— Apresentei meu nome dentro da bancada e agora ao bloco. Discutimos formar esse bloco (para 2015) e a minha candidatura. Um bloco para a eleição é uma coisa e para a atividade parlamentar é outra. Embora provavelmente tenha total simpatia dos líderes destes partidos, eles têm que consultar suas bancadas. Isso é um processo em discussão — disse Eduardo Cunha, ressaltando a importância de negociar junto aos colegas:
— Não é um gado que você carrega, são parlamentares.
O líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO), disse que o nome de Eduardo Cunha tem sua "simpatia".
— Há muito entusiasmo pela candidatura de Eduardo Cunha. E fizemos uma reafirmação do bloco — disse Jovair.
O presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), foi mais enfático e disse que o acordo está fechado.
— Vamos ter 160 votos. Acho que o PT nem deveria ter candidato. Se tiver, vai ser derrotado — disse Paulinho.
O blocão quer manter uma postura de pressão junto ao governo. Os parlamentares discutiram, no encontro, propostas que podem ser colocadas em votação e que podem incomodar o governo. Uma delas é a chamada "PEC da Bengala", que aumenta de 70 para 75 anos o teto para a aposentadoria de magistrados. Segundo participantes do encontro, a ideia é manter o Planalto sob pressão constante.
Na verdade, esse bloco já vem atuando em conjunto ao longo de 2014, na maioria das votações. O PP fazia parte, mas o Planalto promoveu uma ofensiva antes das eleições para tentar enfraquecer o blocão.
Além disso, agora, com as denúncias da Petrobras, a intenção do grupo de Eduardo Cunha é manter o PP como apoio extraoficial.
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