Leandro Keber, Grasielle Castro
As informações divulgadas pelo Palácio do Planalto sobre a viagem da presidente Dilma Rousseff a Portugal no último sábado — uma escala não divulgada entre Zurique (Suíça) e Havana (Cuba) — são alvo de questionamentos e pedidos de investigação por parte da oposição. Ontem, o líder do PSDB na Câmara, deputados Carlos Sampaio (SP), pediu a abertura de inquérito na Procuradoria Geral da República (PGR) contra Dilma por improbidade e eventual crime contra a administração pública na escala em Lisboa. O pedido se estende aos ministros que integraram a comitiva presidencial. O tucano também entrou com uma representação na Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Na noite de ontem, a presidente Dilma Rousseff negou qualquer irregularidade e enfatizou que, no jantar em um sofisticado restaurante lisboeta, cada membro da comitiva pagou a própria conta.
Para Sampaio, o governo exagerou nos gastos. "A se confirmarem essas informações, a presidente da República não apenas fez uma escala injustificada em Lisboa, mas deliberou por transformar essa escala ociosa em uma alucinante cena de ostentação supérflua custeada pelo patrimônio público brasileiro", diz o parlamentar.
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), classifica as informações dadas pelo governo como "um monte de mentiras que beira o ridículo". "As mentiras são tantas... Quem é que vai acreditar numa bobagem dessa (em referência à declaração dada ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, de que cada membro da comitiva pagou a própria conta do restaurante)? É você pensar que o Brasil é um país de tolos", disparou.
Em entrevista em Havana, a presidente minimizou a polêmica. Ela reafirmou que a aeronave não tinha autonomia de voo para fazer o trajeto entre Suíça e Cuba sem escalas. Segundo ela, a parada não ocorreu nos Estados Unidos por causa das nevascas. "Quem anunciou que eu estava passando um fim de semana em Lisboa não sabe fazer conta, eu dormi em Lisboa. No que se refere ao restaurante, é exigência para todos os ministros — e eu só faço exigência do que eu também exijo de mim — que quem jantar ou almoçar comigo pague a sua conta", disse a presidente. E provocou: "Eu posso escolher o restaurante que for, desde que eu pague a minha conta".
O Ministério das Relações Exteriores também reforçou a explicação da presidente. A pasta informou que é de praxe as representações diplomáticas serem informadas sobre a possibilidade de visita da presidente previamente e se organizar. O ministério, entretanto, não soube informar se o consulado em Boston (EUA) teria tomado alguma providência. A comitiva presidencial ocupou 45 quartos em um dos principais hotéis de Lisboa, a um custo total estimado de R$ 70 mil. O valor da diária da suíte ocupada por Dilma é equivalente a R$ 26 mil.
Fonte: Correio Braziliense
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