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As atitudes suspeitas do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, envolvendo a Operação Lava Jato merecem ser investigadas e esclarecidas, defenderam deputados do PSDB. De acordo com reportagens publicadas nos últimos dias nos principais veículos de comunicação do país, o petista tem se encontrado com advogados e representantes de empreiteiras envolvidas no Petrolão, esquema criminoso arquitetado para desviar recursos da Petrobras.
Reuniões omitidas da agenda oficial – Uma dessas reuniões teria ocorrido com o advogado Sérgio Renault, da UTC, detalhou a última edição da revista “Veja”. Na conversa, omitida da agenda oficial e da qual também participou o ex-deputado petista Sigmaringa Seixas, o ministro teria desaconselhado o advogado a fechar um acordo de delação premiada e desmerecido a Lava Jato, pois, segundo ele, estaria cheia de irregularidades. Para completar, teria adiantado que as investigações da operação mudariam de rumo radicalmente.
Flagrados por “Veja”, os três negaram a conversa. Em seguida, apresentaram uma versão em que o “acaso” foi o grande protagonista. “A pergunta que não quer calar: se os advogados dos investigados na Lava Jato não falaram com o ministro da Justiça sobre a operação, falaram sobre o que?”, questionou nesta quarta-feira (18) o deputado João Campos (GO) no Twitter.
Para o deputado federal Delegado Waldir (PSDB-GO), a atitude de Cardozo foi vergonhosa. O tucano reforçou ainda que é fundamental o comparecimento no Congresso do petista e dos advogados recebidos por ele “para darem satisfações ao povo brasileiro”. “Estamos cansados de jeitinhos”, justificou.Após a veiculação da reportagem, líderes oposicionistas querem levar o ministro à Comissão de Ética Pública da Presidência da República e convocá-lo a prestar esclarecimentos no Congresso.
Autoritarismo? – Acuado com a avalanche de críticas, Cardozo chamou de autoritários os que questionam sua conduta. Em entrevista publicada no jornal “Folha de S.Paulo” nesta quarta-feira (18), ele disse ainda que “só na ditadura não se admite” que um ministro receba advogados.
O deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP) respondeu as considerações do petista: “Autoritário é não querer prestar os esclarecimentos. As pessoas querem saber e ter acesso a questões que são tratadas sem muita transparência”, disse. “Preferíamos que ele, como ministro da Justiça, não se envolvesse e não fosse parcial. Receber os advogados dos envolvidos em corrupção é algo, para nós, bastante estranho. Não é normal”, completou.
Para recordar – Cardozo já foi personagem principal de outras tramas nebulosas que marcam a gestão petista. Em 2013, ele encaminhou um dossiê apócrifo à Polícia Federal com informações sobre o esquema de corrupção no metrô de São Paulo e que incriminava integrantes do PSDB. Entre eles, o ex-deputado federal e hoje senador suplente José Aníbal (SP), que chamou o ministro, na época, de “vigarista, acobertador de falsários e sonso”.
No começo deste mês, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou um pedido para investigar a participação do tucano nesse caso. Em artigo publicado pela “Folha de S.Paulo” em 13 de fevereiro, Aníbal afirmou que move ação contra todos os que o caluniaram. Faz parte da lista o ministro da Justiça . “Imagino calafrios institucionais quando ouço que o ministro José Eduardo Cardozo já esteve cotado para assumir a vaga de Joaquim Barbosa no STF. Seria o sinal derradeiro de que Dilma mandou o juízo às favas e abraçou-se de vez com a mentira e com o fracasso”, concluiu.
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