• Grupo que gravou vídeo de Procurador-geral organiza protestos do dia 15
Juliana Castro – O Globo
Apoiadores de Janot
Criado no ano passado, o grupo "Vem pra Rua" chamou a atenção anteontem, em frente à Procuradoria Geral da República, em Brasília. Era para ser um ato despretensioso de apoio ao procurador-geral, Rodrigo Janot, até que o próprio desceu para falar com os manifestantes, depois de passar todo o dia no gabinete revisando os pedidos de inquéritos que enviaria ao Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava-Jato. O vídeo com a cena, e um depoimento exclusivo de Janot dizendo que "quem tiver que pagar, vai pagar", se espalhou ontem pela internet.
Apesar de serem críticos do governo Dilma Rousseff e apoiarem as passeatas em favor do impeachment da presidente, programadas para o dia 15 , o grupo diz ser contra a destituição da petista, mas admite que esse quadro pode mudar no futuro.
O "Vem pra Rua" se apresenta como um grupo sem envolvimento com partidos, mas isso não significa que seja alheio a posições políticas. É contra os votos em branco e nulo e, por isso, incentivou que o eleitor escolhesse qualquer candidato que não fosse Dilma, no primeiro turno da eleição do ano passado. Na reta final do pleito de 2014, só com Dilma e Aécio Neves (PSDB) no páreo, fizeram campanha para o tucano.
- No "Vem pra Rua", existem assalariados, desempregados, empresários, advogados, médicos. O movimento é suprapartidário, não estamos ligados a nenhum movimento político. Muita gente liga o "Vem pra rua" ao PSDB porque apoiamos o Aécio no segundo turno. Tendem a confundir isso como se o grupo fosse coordenado pelo PSDB - diz um dos fundadores e porta-voz do movimento, Rogerio Chequer.
No Facebook, num post de perguntas e respostas, o "Vem pra Rua" diz que pode receber o apoio de políticos de diferentes partidos, sem apresentar nenhum vínculo com eles. Informa que, entre seus integrantes, há pessoas filiadas a diferentes partidos políticos, mas que as questões partidárias são deixadas de lado quando são tratados assuntos do movimento.
Sem base legal para o impeachment
O "Vem pra Rua" diz que estará nos atos pró-impeachment, mas para manifestar sua repulsa à gestão petista, sem pedir a destituição de Dilma. Eles também se dizem contra qualquer pedido de intervenção militar.
- Decidimos nos mobilizar no dia 15 mesmo não sendo a favor do impeachment. Achamos que ainda não existe base legal. Só que o povo está gritando por impeachment sem saber das necessidades jurídicas dele. O povo está gritando impeachment como quem grita "basta", para parar a sangria pela qual o país está passando - diz Chequer, de 46 anos, que trabalha com uma empresa de comunicação corporativa.
O grupo diz ter o apoio de juristas e, com base neles, toma decisões sobre seus posicionamentos. É por isso que, hoje, não pregam o impeachment. No entanto, alegam que a situação pode mudar com o avanço das investigações do escândalo na Petrobras.
Na avaliação de integrantes de outros movimentos que participarão dos atos do dia 15, ainda há grupos que resistem ao pedido de impeachment por aversão à linha sucessória da Presidência, composta de políticos do PMDB: o vice-presidente Michel Temer e os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros. Cunha e Calheiros foram avisados que estavam na lista que Janot enviou ao STF.
Com menos de um ano de criação, o "Vem pra Rua" se expandiu. Pelos cálculos de seus fundadores, estão em cerca de dez estados. O contato é feito pela internet, mesmo entre os membros que estão numa mesma unidade da federação.
As redes sociais são a maior fonte de divulgação do movimento, que tem replicado vídeos de convocação para os atos anti-Dilma.
Nelas, têm usado imagens das manifestações de 2013 e de outras pró-impeachment do ano passado. Em um dos vídeos, diz: "não vamos mais militar a favor da corrupção e da ganância desses governantes do mal". Nesse momento, aparece a imagem de Dilma e Lula juntos.
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