sexta-feira, 27 de março de 2015

PIB sobe 0,1% em 2014, o pior desempenho do 1º mandato de Dilma

• Investimentos recuaram 4,4% no ano passado, contra alta de 6,1% em 2013, e derrubaram o PIB; indústria caiu 1,2%, enquanto a agricultura subiu 0,4% e os serviços avançaram 0,7%

Hugo Passarelli,Daniela Amorim, Idiana Tomazelli, Mariana Durão e Vinicius Neder – o Estado de S. Paulo

A economia brasileira pisou no freio em 2014. O Produto Interno Bruto (PIB), a soma do valor final de todos os bens produzidos, ficou praticamente estagnado e avançou apenas 0,1%, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Foi o desempenho mais fraco do primeiro mandato de Dilma Rousseff e também o pior desde 2009, auge da crise, quando o PIB caiu 0,2%.

O PIB do quarto trimestre de 2014 cresceu 0,3% em relação ao terceiro trimestre de 2014, mas caiu 0,2% ante o mesmo período do ano anterior.

A estagnação da economia trouxe uma série de recordes negativos. Os investimentos recuaram 4,4% no ano passado, depois de terem avançado 6,1% em 2013, a maior queda desde 1999. Segundo o IBGE, a queda dos investimentos foi o que travou o crescimento da economia. A indústria também puxou o desempenho para baixo e recuou 1,2% no ano passado, superando na história recente só o desempenho de 2009, quando desabou 4,8%. A agricultura avançou 0,4%. O setor de serviços subiu 0,7%, o menor resultado desde 1996.

O investimento é uma medida para estimar se os setores da economia vão aumentar a produção. Em outras palavras, se o investimento cai, o PIB não deve mostrar reação tão cedo. Economistas avaliam que, em 2015, a economia pode aprofundar o estado de estagnação e recuar até 1,5%, nas projeções mais pessimistas.

Segundo o IBGE, o fraco investimento ocorreu por conta da queda da produção interna e da importação de bens de capital. Pesou também o desempenho negativo da construção civil. A taxa de investimento de 2014 ficou em 19,7% do PIB, abaixo do observado em 2013 (20,5%).
Consumo. Já o consumo das famílias, um dos motores da economia nos anos recentes, sofreu forte desaceleração e saiu de uma alta de 2,9% em 2013 para avanço de 0,9% no ano passado - o menor desempenho desde 2003, quando encolheu 0,7%.

No setor externo, as exportações diminuíram 1,1% em 2014 e tombaram no quarto trimestre - quedas de 12,3% em relação ao terceiro trimestre e de 10,7% ante o mesmo período do ano anterior. As importações, por sua vez, caíram 1% em 2014 e somaram recuos de 5,5% no quarto trimestre de 2014 contra o terceiro trimestre e de 4,4% ante um ano antes.

O PIB per capita ficou em R$ 27.229 em 2014, com queda de 0,7%.

Revisão. O IBGE revisou alguns dados sobre os anos anteriores..O crescimento da economia de 2012 para 2013 passou de 2,5% para 2,7%. O órgão também informou que a alta do PIB em 2012 avançou de 1% para 1,8%.

A diferença é resultado da mudança no cálculo das Contas Nacionais, que passam a se adequar a recomendações internacionais, e da incorporação dos dados definitivos de 2011 como base, anunciados no último dia 11. Em novembro, o órgão publica as revisões definitivas para as contas anuais de 2012 e 2013. O trabalho de reformulação das Contas Nacionais levou três anos para ser concluído.

Conjuntura. Liderada pelo economista Joaquim Levy, a equipe econômica do segundo mandato do governo Dilma Rousseff está promovendo um "freio de arrumação" no Brasil.

O governo limitou os gastos dos ministérios e cortou investimentos, aumentou impostos e a taxa básica de juros (a Selic), além de liberar as amarras no câmbio. Tudo isso para reequilibrar as contas públicas, atingir a meta de superávit primário e manter o grau de investimento do País. A promessa é que, se tudo ocorrer como o esperado, a economia vai se aquecer já no fim de 2015 e fechar 2016 com crescimento, ainda que modesto.

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