- Folha de S. Paulo
O Brasil, na economia, na política, em suas instituições e nas suas dimensões territoriais e populacionais, está longe de ser um país nanico. A história tem castigado poderosos que o tomam por uma república de bananas, desprovida de cartilagem entre os ossos.
As piores crises redundam, aqui, em retrações moderadas da produção. A contração anual mais acentuada em 30 anos foi de -4,4%, em 1990. Comparado por exemplo à economia argentina (-7% em 1989; -10,9% em 2002), o ritmo cardíaco do Brasil é muito mais estável.
Presidente que colheu o pior resultado econômico nas últimas décadas, Fernando Collor foi um desses aventureiros levados pelas circunstâncias a menosprezar os contrapesos da economia, das instituições e da política brasileira. O descomedimento foi punido com severidade.
Levada talvez pelas circunstâncias a açular uma recessão inaudita em 20 anos, a presidente Dilma Rousseff começa a caminhar em campo minado. Seu ministro da Fazenda está desgovernado.
Na vida pública, Joaquim Levy demonstrou competência enquanto esteve protegido por ministros, governadores e presidentes fortes. Sua apresentação solo, fruto do rápido esmaecimento da liderança da presidente da República, pode desencadear desastres, seja na economia, seja na política.
Está apenas no começo o tarifaço nas contas de energia elétrica, que vai tirar dinheiro do bolso de praticamente toda a população. Não há muitos precedentes na história, após o Plano Real, de uma mudança de preços relativos da ordem de 50%, ou mais, num único ano.
A reversão abrupta da política que subsidiava postos de trabalho vai alimentar a tendência ao desemprego. Um presidente forte, ciente do grau de maturidade do Brasil, imporia moderação à necessária agenda do ajuste recessivo. Mas o governo sumiu. Joaquim preside.
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